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A natureza humana exige uma luta constante pelas causas sublimes

Todos reconhecemos que a luta pelas causas mais sublimes das sociedades é um anseio do próprio homem. Ouve-se diariamente os grandes responsáveis pela governação proclamar a defesa pela implementação da justiça, da igualdade de oportunidades, de salários dignos e do pleno emprego.

No entanto, na realidade, a sua postura assume, muitas vezes, foros de uma gritante contradição. Muitos deles, oficialmente condenam a especulação imobiliária, mas na sua vida particular praticam-na sem o menor escrúpulo. Publicamente, são acérrimos defensores da igualdade de oportunidades, mas, no concreto, fazem nomeações de chusma de assessores com ordenados chorudos que são ofensivos aos ganhos da maioria dos trabalhadores.

O cumprimento das promessas relativas à promoção da melhoria das condições humanas não ultrapassa, muitas vezes, as zonas de certos círculos de interesses partidários ou a área dos seus apaniguados. Defendem o direito à vida das pessoas, mas não sentem pejo em aprovar o aborto.

A coisa mais relevante a aprender e a consolidar é uma coerência atuante permanente, quer na vida privada, quer na atividade pública. Há pessoas que têm um objetivo na vida, mas muitas outras arrastam-se na sua existência sem qualquer finalidade positiva e proveitosa. O primeiro objetivo do homem, nomeadamente dos gestores das coisas públicas, é estar ao serviço de todos sem a mínima aceção de pessoas.

Nas sociedades justas não há lugar para a discriminação social nem para casos de situações de amiguísmo escandaloso. O homem nunca deve entregar-se a tarefas meramente egoístas nem de injustiça social. Qualquer pessoa deve dar também o melhor de si em benefício dos outros.

Assistimos e damos importância a todas as invenções e mudanças maravilhosas operadas pelo homem, no campo científico e tecnológico e nos seus benefícios para a humanidade, quando aplicadas adequadamente. Porém, este progresso imenso e notável, quantas vezes, apenas é visto como importantíssimo no sentido das aquisições meramente materiais e científicas terrenas. Qualquer progresso humano deve ir sempre no sentido do desenvolvimento das sociedades em todas as suas vertentes.

Deve ir mais fundo, mais além da satisfação dos interesses pessoais e materiais, pensando-se, sim, no bem-estar de todos, de modo a contribuir para a melhoria da vida integral das comunidades. Dostoievski escreveu: “Não é a inteligência que mais interessa mas o que a guia – o carácter, o coração, as boas qualidades”.

A lei do uso existencial é uma lei infalível a que ninguém pode fugir, muito menos os responsáveis pelo governo do património coletivo. O que o homem usa corretamente está sempre a contribuir para o progresso social; o que não se usa adequadamente ou aquilo de que se abusa retrocede e empobrece a comunidade. As leis e as decisões têm que possuir um cariz geral praticável.

A medida da nossa evolução é dada pelo que pensamos e fazemos adequada e justamente. A natureza humana repudia a desonestidade, a injustiça e toda a espécie de corrupção.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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23 agosto 2018