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A motivação adequada nas salas de aula

Nunca se pode oferecer aos educandos conteúdos teóricos ou metas educacionais que eles encarem com enfado. Isto acontece porque a motivação e as estratégias utilizadas foram, em geral, desadequadas. A motivação tem que ser ajustada a cada momento da aprendizagem no dia a dia.

Quando o docente não souber motivar os alunos tem a sua missão muito complicada. Numa escola do ensino secundário, algures em Barcelona, uma aluna interpela desesperadamente a professora com a seguinte frase apelativa: “Motive-me, por favor!” E, ao chegar a casa, regressando de mais um dia fastidioso de aulas, a mesma aluna desabafa com a sua mãe: “Estou entediada, mãe, não me apetece fazer nada!”, enquanto ligava a televisão com o olhar perdido, deitada apaticamente no sofá da sala de jantar. É por isso que, em muitas escolas e até nas universidades, os pais e os docentes dedicam cada vez mais tempo a responder à grande pergunta: o que podemos fazer para motivar os nossos filhos ou os nossos alunos? Em casa, os pais dispõem-lhes o mais moderno arsenal para os manter entretidos: videojogos, computadores e telemóveis com internet e televisão no quarto, entre muitos outros recursos. 

Segundo alguns especialistas, pouco falta para que as escolas secundárias e as universidades peçam, como requisito imprescindível para a contratação de professores, que eles saibam dançar ou cantar para dar vida às suas aulas. Segundo diz Neil Postman, “os educadores, desde a primária até à universidade, estão a aumentar o estímulo visual nas suas aulas e a reduzir o volume de explicações aos alunos, confiam menos na leitura e nos trabalhos escritos; e, a contragosto, estão a chegar à conclusão de que o principal meio para conseguir o interesse dos estudantes é o entretenimento”. É a hora do espetáculo, motivo pelo qual, às vezes, parece que os educadores e os pais pertencem mais ao setor do entretimento do que ao da educação.  

De facto, constata-se que o tempo de concentração e de atenção dos nossos filhos está cada vez mais curto. Tal facto encontra, muitas vezes, uma certa explicação no diagnóstico de perturbação de hiperatividade com um forte défice de atenção. Aliás, hoje em dia, trata-se de uma das principais causas de consultas por transtorno psicológico. No entanto, as causas mais razoáveis estão na ausência de admiração dos alunos pelas matérias dadas, ou porque elas não os atraem suficientemente, ou porque eles não são motivados devidamente para a sua necessidade e utilidade em ordem ao seu desenvolvimento. Já dizia S. Tomás de Aquino que “a admiração é o desejo de conhecimento”.

Portanto, parece óbvio que é necessário deixar fluir e proteger a admiração. São a admiração e a curiosidade que provocam o interesse das pessoas. Segundo um estudo recente (Berger e K. Milkman, Pensilvânia – 2011), o que faz com que uma história seja transmitida mais rapidamente na internet é a curiosidade que esta provoca nos seus leitores. Entre outras variáveis, essa investigação concluiu que os conteúdos que fizeram mais sucesso foram os mais positivos, mesmo um pouco longos, mas que provocaram curiosidade nos seus leitores. 


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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13 abril 2017