É costume, de quando em vez, desfilarem em passerelles,grupos de donzelas, muito magras, quais esqueletos ambulantes. Serão muito belas para apreciadores desse estilo de roupa, para a maior parte dos observadores são manequins dignos de compaixão. Enfim, são como são ou como querem!
O meu acento tónico, porém, vai para a moda corrente que encontramos nas ruas das cidades e até das aldeias nos corpos franzinos, sobretudo femininos, com rasgões horizontais e até verticais. Há uns anos atrás, se aparecesse alguém com esse aparato, seria objeto de ridículo e mofa. Atualmente, o panorama é tido como normal e será tanto mais admirado quanto mais profundos e largos forem os rasgões!
O Dr. Thiamer Thot, escritor húngaro, que li muito na minha juventude, num dos livros, conta a história dum pato bravo que se desgarrou do bando e foi atingido por tiro de caçador, que lhe acertou na parte traseira e lhe desfez o rabo. Depressa voou para o respetivo grupo, que admirou muito a nova moda que ele trazia. E vai daí que todos os patos começaram a desfazer-se do rabo.
É assim a moda dos nossos dias. Quanto mais aselha, mais assumida e praticada.
O ser humano não é ou não deve ser um símio de imitação. Deve guiar-se pela luz da razão, que lhe aponta o caminho da dignidade e honra.
Admiramos as donzelas que se vestem com recato. À beleza dum corpo esbelto junta-se a indumentária com modéstia e simplicidade. São estas as mais admiradas e dignas. Encarnam um padrão nobre e respeitável.
Ao contrário destas, aparecem frequentemente moças adolescentes em arraiais de propaganda festiva, difundidos por canais televisivos, deficientemente vestidas, pulando e rodando com toda a energia e sem decoro. A imagem que deixam atrás de si abona pouco da sua dignidade e honra.
Ligados a estes espetáculos, aparecem, geralmente, cantores com músicas brejeiras e impudicas que arrastam um sentido de erotismo e imoralidade.
As verdadeiras festas guiam-se por padrões de nobreza, beleza e dignidade. E são estas as mais apreciadas, de modo geral.Necessitamos duma sociedade fresca, alegre e pura.
Acrescento um soneto elaborado há tempos.
A moda deste tempo
A moda deste tempo é uma beleza.
Tem rasgos de notável exuberância,
Sai à rua com brios de nobreza,
Exibe-se com toda a extravagância.
São os rasgões que mostram os joelhos
E se estendem, nos fios, por canelas,
Nas calças azuladas e coçadas,
Pagas em lojas com suas janelas.
Autor: Manuel Fonseca