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A minha «União» é melhor que a tua

Isto, pelo simples facto de as misturas terem sido feitas à revelia dos cidadãos, não tendo sido tidos nem achados na decisão que as levou a unirem-se. Miscelânea, da qual resultaram alguns descontentamentos visíveis em determinadas situações que levam o atual Governo a ponderar referendar aquilo que o PSD/PP promoveu, enquanto anterior executivo.

É que Portugal não é como o tecido para um fato composto por calça, colete e casaco, tudo do mesmo padrão. Existem caraterísticas próprias e bem definidas em cada núcleo populacional englobando, por vezes, tradições, costumes, padroeiros, festas, clubes desportivos e até sotaques diferentes, apesar de uma ténue fronteira que, anteriormente, os separava.

Citando como exemplo a freguesia de Real – aqui bem perto – onde o final das palavras era quase cantado. A meu ver, muito mais ligada a Frossos (cujo pároco era o mesmo) do que esta a S. Pedro de Merelim como sucede, atualmente, conforme o Mapa Autárquico que as decidiu unir.

Se analisarmos esta questão, fora das paixões partidárias, facilmente concluiremos sobre as perdas e os ganhos que daí resultaram. Basta vermos que é em Merelim que a maioria das iniciativas têm a sua génese. Até relativamente ao próprio desporto, como no caso do futebol, em que são raros ou nenhuns os habitantes de Frossos que vão assistir aos jogos do Merelinense F.C. em apoio ao clube.

Daí, que teria feito muito mais sentido ter unido S. Pedro a S. Paio, constituindo um forte núcleo de denominador comum: Merelim. Para além do mais, essa opção já está implantada no terreno, em termos paroquiais, com um único pároco a cuidar das almas das suas gentes.

Como estes, outros casos haverá em que as pessoas, por motivos idênticos ou outros, nunca se reviram nas uniões que lhe couberam na rifa. Ou seja, se lhes fosse dada voz e poder de voto quereriam, certamente, voltar à sua antiga situação. Aliás, foi a pensar em reverter algumas delas que o Governo fez descer à Comissão Parlamentar os projetos de lei sobre as reversões do mapa das freguesias, com vista a um entendimento político para ser encontrado um texto comum que abra a possibilidade de conferir, de novo, às freguesias extintas a sua identidade, proximidade e autonomia. Marcas distintas deste nível Autárquico, cuja intenção era a de que estivesse concluído nas próximas eleições Autárquicas, visando revogar o chamado Mapa Relvas.

Um escrutínio que, a meu ver, seria mais que justo porquanto o critério anteriormente adotado não teve em conta a vontade popular, tendo sido traçado a régua e esquadro, sem ter tido em conta determinados pressupostos determinantes para uma boa união, de facto. Uma vez que as uniões que configuram no atual mapa, cerca de 70% delas, a nível de todo o país, se mostraram desejosas da inversão de marcha nesta caminhada encetada pelo Governo anterior.

Por isso, manter ou decidir-se pela restauração do anterior modelo Relvas, poderá vir a ocorrer em consulta a nível das Assembleias de Freguesia, em referendo local, em que os munícipes decidam sobre os destinos das freguesias em que moram. Para que não se voltem a fazer comparações como aquela que já ouvi por aí: “a minha «união» é melhor que a tua”.

Porém, desenganem-se aqueles que, como eu, esperavam ver aplicada neste ano de 2017 tal medida. É que o Governo resolvendo dar prioridade à descentralização das competências, a nível nacional, decidiu remeter os seus propósitos, relativamente à decisão sobre a nova organização territorial, para 2018. Sob o pretexto de querer evitar o autismo que marcou o processo anterior, pretendendo ouvir todos os interessados na matéria.


Autor: Narciso Mendes
DM

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9 janeiro 2017