Neste Natal, o meu bem-haja vai para toda aquela humanidade que nunca traiu, até hoje, o verdadeiro sentido da sua quadra festiva, comemorando nascimento de Jesus, filho de Deus. E que bom que assim é, apesar de no presente contexto soprarem ventos contrários à efeméride a tentarem derrubar o espírito natalício que muitos de nós, sobretudo os mais velhos, desde a meninice cultivamos. Pelo que vai sendo tempo, especialmente para todos quantos comungam desta minha ideia, de o defendermos sem vacilar perante as “modas”. E que “modas”! Por isso, para quê mudar este verdadeiro encanto que é o Natal Cristão, vivido em família, se nos faz felizes?
À luz do presépio reflitamos, pois, sobre a tentativa que é feita, por algumas almas, no sentido de erradicarem desse dia o nome de Jesus. Inventando, para isso, personagens ridículas, em Seu lugar, no intuito de levarem as águas fraturantes ao seu moinho. O que vem acontecendo com o beneplácito de muitos cristãos, frouxos nas suas convicções religiosas, devido a alguma partidarite que visa o descrédito da atribuição desse dia à Igreja Católica cujo Presépio – criado por S. Francisco de Assis – é símbolo da paz e comunhão entre os povos.
À luz do presépio, estejamos atentos quando os seus detratores nos vêm dizer que agora é tudo bom e que antigamente nada prestava, porque havia muita pobreza. E hoje, não existe? Será que a corrente marxista, cuja ideologia foi entranhada na mente de uma grande parte do nosso povo, já lhe conseguiu dar dignidade e algum conforto? Pois se não é mentira que dantes tudo era diferente, também não é menos verdade que as coisas se processavam, tal como hoje, consoante as posses de cada um. Recordando, aqui, o Natal da minha infância em que – desde os singelos rebuçados aos brinquedos mais rudimentares – algo era sempre deixado algures a cada criança pelo Menino Jesus, o que tornava essa noite mágica.
Os meus progenitores não eram ricos, viviam do seu modesto salário. No entanto, em criança, não só beneficiei de um bisegre do Menino Jesus no sapatinho, como os vizinhos mais necessitados de um miminho nosso nessa noite. E lembro-me de continuar a acreditar, para não quebrar esse ato solidário.
É à luz do presépio que me lembro do meu amigo Zé Manel, cujos pais tinham um ror de filhos, mas que, embora com muitas dificuldades, nunca deixavam de pôr algumas guloseimas no calçado de cada um deles, em nome do Menino Deus. Só que este meu amigo, descobrindo a coisa, resolveu contar aos manos o que havia visto no ano anterior. E quando o Natal desse ano surgiu, os irmãos foram contar ao pai o que ele lhes havia revelado. Resultando, daí, que pela manhã todos tiveram prendas, já o denunciante teve uma pedra no sapato.
É óbvio que o prevaricador ficou triste. Porém, logo se pôs a pensarque a ideia do pedregulho não podia ter sido obra de Jesus, mas de mão humana. E dando a volta à questão, acabou a deduzir que havia chegada a hora de deixar de ser criança, enfrentar a adolescência e idade adulta. E a partir dali, continuou a ser feliz, a considerar os pais e fiel à mística Natalícia. Sem, no entanto, alguma vez ter voltado a revelar esse segredo a quaisquer outras crianças, deixando-as sonhar a magia do Natal em família.
À luz do presépio, recordemo-nos de que há muitos anos não havia dinheiro à balda. No entanto, existia uma aura de alegria e espírito de família em torno do nascimento de Jesus. E muita criatividade, pois com as mãos conseguíamos fazer maravilhas quer em madeira, barro, ou trapos, sem alguma vez termos feito birra ou entrado em depressão. Pormenores, que vão servindo de argumento a frustrados na vida não só no sentido de manipulação da opinião pública, como desvirtuarem esta festa Cristã.
Ao Menino Deus oremos neste Natal, à luz do Presépio, pela paz na Ucrânia; lucidez e resiliência para o Santo Padre, a fim de impedir que certa passarada – com ateísmo no bico – esvoace pelo seu pontificado.
SANTO NATAL
Autor: Narciso Mendes
À luz do Presépio

DM
19 dezembro 2022