Não é demais relembrar que no Ensino Básico e Secundário (B+S) estão as bases da formação de todos os cidadãos. O 25 de Abril trouxe para o país a revolução cultural de Mao, já então há anos abandonada na China.
Por outro lado, no assalto do PCP ao poder em Portugal, Cunhal logo viu que a tomada do Ensino B+S era pedra fundamental. E os factos mostram que nenhum dos ministros da coligação PSD/CDS ou do PS conseguiu desalojar todas as peças que Cunhal lá colocou. A inversão de valores e de hierarquias, própria da revolução cultural, teve (e tem) no Ensino B+S a sua expressão mais acabada.
O ministro Nuno Crato no seu livro “O “Eduquês” Em Discurso Directo…” desmonta a perversa pedagogia, actualmente imposta no Ensino B+S e ministrada a todos os meus netos.
Já neste jornal nos referimos às barbaridades que meteram na cabeça deles em “História de Portugal” e aos absurdos pedagógicos no ensino das Matemáticas do 1.º ao 9.º ano, ao ponto de os alunos não saberem de cor a tabuada de multiplicar até 10x10, quando, por exemplo na Alemanha, ela vai até 15x15. Fazia-se (e faz-se) da Matemática uma brincadeira, quando ela é fundamental na vida quotidiana.
Cheguei a perguntar a um aluno do 10.º ano, meu vizinho, que era um dos melhores da turma dele, quantos litros tinha 1 m3. Não sabia, nem precisava saber, porque “não é do programa oficial…”. Na Física e na Química fala-se do “Buraco do Ozono” e da necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis, sem que os alunos saibam o que é o Ozono e o CO2 nem as reacções químicas que geram esses produtos.
No “horroroso” ensino antigo, os livros tinham nomes tais como “Elementos de Física” e “Elementos de Química”, indicando que se trata de “Introduções” às ciências do mesmo nome, dadas no Ensino Superior. Eram dadas as leis básicas dessas ciências como a Lei de Newton na Física e a Lei de Lavoisier que rege as reacções químicas.
Agora fazem-se aplicações avulsas que envolvem essas leis, sem que as mesmas tenham sido enunciadas antes. Na Matemática apresentam-se exemplos de brincadeiras que usam separadamente uma das 4 operações, sem que antes se tenham dado as propriedades da Soma, da Subtracção, da Multiplicação e da Divisão. Assim, os alunos, mesmo os bons, chegam, por vezes ao 6.º ano sem saberem questões tão simples como ir ao mercado e comprar 3,5 Kg de maçãs a 1,85 euros por Kg; mais 1 dúzia de ovos a 0,04 euros cada,+ ¾ do litro de azeite a 3,95€ o litro e depois ir à Caixa pagar com uma nota de 10€, calculando quanto se vai receber ou quanto se tem de acrescentar.
Agora os professores são obrigados a deixar passar de ano todos alunos, mesmo os que nada sabem das matérias dadas. Já citámos aqui situações anedóticas a que, por isso, se chega dentro da sala de aula. A inversão de valores acima referida leva a faltas de respeito para com o docente dentro e fora da aula.
Naturalmente que os alunos repetentes, que não podem acompanhar o que a professora diz, têm de passar o tempo ou atirando papelinhos aos colegas ou usando os seus telemóveis.
Tal situação leva ao “abandono escolar” não só de alunos como de docentes. Foram abolidos os exames. Só se fazem “provas de avaliação”, não para avaliar os conhecimentos dos alunos, mas para avaliar a “eficiência” de cada professor no ensino da sua disciplina. Entende-se que cabe ao docente “meter na cabeça” de cada aluno as matérias da disciplina.
Não cabe ao “aprendiz” esforçar-se por “assimilar” essas matéria, estudando exemplos e fazendo exercícios. Vê-se bem que no Ensino B+S ainda vivemos no PREC (Processo Revolucionário Em Curso).
No auge do PREC, os alunos dirigiram as faculdades e definiram eles próprios as matérias de cada disciplina bem comoa “auto-aprendizagem” sendo o professor apenas um “conselheiro” para as “dúvidas” dos aprendizes. A aprendizagem não é um processo simples e varia de aluno para aluno e de matéria para matéria.
Daí que haja alunos que não têm “queda” para a Matemática, mas são excelentes na “Arte” de Desenhar ou na de “Pintar”, etc.. Esses alunos são obrigados a frequentar o Ensino B+S até aos 18 anos. Poderiam mudar para um verdadeiro Ensino Profissional.
Mas, já não existem as escolas PÚBLICAS Industriais e Comerciais como no antigamente. Também não existem escolas PÚBLICAS de Artes e Ofícios. Hoje é difícil obter um bom picheleiro ou um bom serralheiro civil que nos arranje o portão do jardim ou um bom mecânico automóvel.
Pior ainda poder encontrar para um bom relojoeiro ou um operário para trabalhar em agricultura. Desapareceram as Escolas PÚBLICAS de Regentes Agrícolas do antigamente. Desapareceram as Escolas PÚBLICAS de Carpintaria e Marcenaria, etc..
Nessas predominavam alunos que tinham pouca “queda” para a “Matemática”, mas eram bons em “Artes e Ofícios”. Assim, não se sabe como orientar os alunos que reprovam sucessivamente no ensino normal que dá acesso às universidades.
A situação permite o aparecimento de falsas escolas privadas que, a troco de elevadas “propinas”, dão bonitos “canudos” de “cursos” de informática de 3 meses ou menos. Claro que os que ostentam tais “diplomas” têm uma empregabilidade quase nula e os mais capazes saem do País.
Parece um contra-senso que os mais esquerdos da “Geringonça”, não “exijam” que o Governo faça forte investimento em escolas PÚBLICAS Industriais e Comerciais, devidamente apetrechadas e com bons “Mestres”; Escolas PÚBLICAS do tipo das de Regentes Agrícolas, e PÚBLICAS de Artes e Ofícios.
Ironicamente o Governo tem deixado essas tarefas para empresas privadas que, logicamente, defendem os seus interesses, nunca o interesse PÚBLICO.
Autor: J. Barreiros Martins