O homem da nossa época parece ter perdido o sentido da sua verdadeira grandeza e da sua imensa superioridade face aos outros animais.
A tecnologia num mundo totalitarista escraviza a humanidade e torna-se uma barbárie cultural e intelectual, tão satirizada ou profetizada por George Orwell no seu livro “1984”.
A ciência experimental limita-se a estudar causas e efeitos materiais que se podem relacionar com observações e experiências, pelo que é descabido ou incorrecto procurar provar a existência de Deus e muito menos utilizá-la para apoiar ideologias materialistas ou ateias.
Estas tendências reinantes apresentam a ciência como uma profecia disfarçada de cientismo, que pretende impressionar ou convencer a humanidade de que é portadora duma verdade “cientificamente testada”. Porém o cientista é tão só um humilde investigador da verdade e a ciência não contaminada pelas pressões materialistas e cientistas, sabe que estas ameaças comprometem gravemente os valores culturais e religiosos que modelaram e inspiraram a nossa sociedade com a sua herança cristã.
Quando Darwin publicou, em 1859, “A origem das espécies”, estas ideias alcançaram repentinamente grande difusão, em parte por motivos ideológicos, porque muitos cientistas e filósofos influentes viram no darwinismo um apoio científico para o materialismo e ateísmo que queriam defender, reduzindo assim o Homem a um mero animal.
Esta perspectiva acarretou consequências que conduziram à permissão de toda a manipulação do homem a qualquer nível, pois negado o fundamento da dignidade da pessoa como ser espiritual de origem superior, com capacidade para pensar, falar e transcender-se, fica à mercê das correntes utilitaristas que não respeitam a vida humana e a destroem a seu belo prazer, por caprichos bélicos ou tendências selectivas, tendo como exemplo os extermínios nazis e comunistas, ainda bem presentes na nossa memória.
O Homem não é um mero animal, é um ser mais complexo, tem uma constituição composta por um corpo material e uma alma com dimensão espiritual. O facto de a ciência só poder trabalhar no campo da experimentação na matéria, a alma humana fica fora do seu âmbito de investigação, pelo que não pode confirmar directamente nem afirmar a existência da alma, e também não a pode negar.
A ciência reconhece e apoia-se numa ordem objectiva da natureza, e em que o Homem tem uma inteligência capaz de penetrar nessa ordem, a própria ciência é um produto de uma actividade intelectual que ultrapassa as possibilidades do mundo puramente material. Assim a ciência experimental pressupõe bases metafísicas, e uma delas é a capacidade intelectual humana, que exige um suporte espiritual.
Provado está que a existência e o progresso da ciência são uma contínua confirmação da metafísica, pois a física tem respostas insatisfatórias no que toca ao campo metafísico, ético e religioso.
Nestes tempos de forte pressão ideológica e mediática, a ciência corre o risco de ser instrumentalizada em favor das tendências totalitaristas ateias ou agnósticas, que nada têm a ver com a ciência, mas a utilizam essencialmente como forma ideológica de capa de rigor, para destruir a teologia natural ou sobrenatural.
Engels escrevia a Marx: “O Darwin que estou agora a ler é magnífico. A Teologia ainda não estava destruída em algumas das suas partes. Mas agora isso acaba de ocorrer”.
Poder-se-á ainda perguntar porque é que Darwin teve e tem tanto êxito?
Autor: Maria Susana Mexia