Embora não descartando a hipótese de estarmos a colher os benefícios da conjuntura europeia atual, cuja injeção de capitais nos bancos dos países da CE promovida pelo BCE, bem como dos fundos estruturais que continuam a pingar em cada país, o certo é que a austeridade amainou e essas medidas estarão, porventura, agora a dar os seus frutos. O que vem provocando alguma satisfação nos cidadãos, apesar do enorme risco que a “aventura” desta maioria parlamentar de esquerda comporta, devido aos constrangimentos ideológicos e de interesses que possam, eventualmente surgir no futuro. Pelo menos, parece haver acalmia e paz social, a julgar pela ausência de greves dos que mais razões teriam para as fazerem e as não fazem. A não ser quem mais ganha, como no caso dos juízes.
Ora, se os socialistas portugueses comandados pelo Dr. António Costa, coadjuvado pela esquerda radical, se estão a sair bem, como parece, tanto melhor para Portugal. Tendo-lhe ficado muito bem vir dizer que não é caso para se embandeirar em arco. Pois poderá, porventura, não estar totalmente livre de poder vir a enfrentar uma hipotética crise, á qual terá de responder com as medidas que tanto criticou ao Dr. Passos Coelho.
Oxalá que tudo dê certo – para bem de todos nós – mas os números são como o algodão: não enganam. Basta olharmos para a dívida pública portuguesa a situar-se em mais de 143 mil milhões de euros, juntamente com mais o fardo dos respetivos juros os quais se vão buscar aos impostos. Ou seja, cada um de nós, no ativo, deve atualmente cerca de 42.000€ ao exterior. Isto, sem que se vislumbre a sua contenção, quanto mais o seu pagamento com ou sem restruturação. O que equivale a dizer que a pesada fatura irá ser paga pelas gerações vindouras.
Descalabro de que nunca mais nos livraremos. Já que as gorduras do Estado e a despesa pública não param. Ou alguém será capaz de me explicar para que servem 230 deputados na Assembleia da República, muitos deles a produzirem bocejo e a declararem residência da habitação que tiverem o mais longe possível da capital, a fim de receberem mais ajudas de custo?
Este Governo vinha governando sem sobressaltos de maior o que estava a ser ótimo para todos nós. Afinal quem é que não apreciará as baixas de impostos e o aumento dos seus rendimentos? Quem não gostará de ver as suas horas de trabalho reduzidas e a subida do emprego? E, a par disso, ter um estado social sustentável; um país territorialmente bem ordenado com reformas florestais adequadas á realidade nacional? Só que para tal seriam necessárias políticas de verdade, das quais os cidadãos não duvidassem.
Mas, como até no melhor pano cai a nódoa, eis que surge – de novo – o fogo devastador. É que afinal, tal como os anteriores governos, o país arde como uma inevitável fatalidade. Mantendo toda uma indústria incendiária, em que são muitos os que à custa dela vivem, a qual vem a crescer – de ano para ano – cada vez com mais perdas de vidas humanas. Quer digam ter sido por ação da trovoada seca, ou dos raios que partam as árvores, o mato e o SIRESP.
Faltar-nos-á saber é se, depois desta tragédia, o Presidente Marcelo e o povo manterão a mesma confiança na “grande aventura” do atual Primeiro-ministro e dos radicais de esquerda, que com ele embarcaram, ou se mudará.
Autor: Narciso Mendes