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A gerigonça dos Afetos & Cunhas, SA.

Desdobrado por todos os meios na pesquisa consultiva, manuscrita ou tecnológica, reportada aos últimos 15 anos de governação do Estado Novo até aos dias mais recentes da tão ambicionada e jovial democracia de um Estado de direito, promissor da justiça social, acérrimo defensor da transparência constitucional, não foram encontradas semelhanças com a avalanche “cunhalista” na nomeação de familiares, amigos e “boys” em cargos relacionados com o governo e Administração Pública Central.

Obviamente, que o contexto do dito e sortudo cidadão “cunhado”, isto é, o beneficiário da “cunha”, ao estilo da cultura portuguesa como uma “patente” portuguesa em jeito empático formatado de favor a alguém, não é lá grande novidade. Sempre funcionou às claras, em detrimento doutros cidadãos empenhados mas sem “padrinhos” em causa própria.

O líder parlamentar do PS afirmava que era normal (pudera, também ele, proporcionou à família quase completa, emprego no sector público), Portugal ter um governo composto por um ministro da Administração Interna casado com uma ministra do Mar, um recém-elevado a ministro das Infraestruturas casado com a recém-nomeada a chefe de gabinete do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, um secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares casado com a coordenadora da Unidade Nacional de Gestão do Mecanismo Financeiro do espaço Económico e Europeu, a família Mendes titular da secretaria do Estado dos Assuntos Fiscais, assessoria do gabinete do primeiro-Ministro, e a secretária-geral do PS casado com o ex-ministro (Paulo Pedroso), agora nomeado pelo governo suplente de Portugal no Banco Mundial, o ministro da Segurança Social que é casado com uma deputada do PS e pai da ministra da Presidência, a ministra da Justiça, casada com um elemento por si escolhida para presidente da Comissão de Renegociação da Concessão do Terminal de Tires, a chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto da Modernização Administrativa, além do pai deputado do PS é casada com outro deputado do mesmo partido político, o filho de um deputado do PS nomeado para adjunto do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, a “irmandade” Lacerda Machado a ocupar os lugares de técnico do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Defesa. Fico-me, não sendo possível listar a avalanche de outras contratações, presumivelmente familiar, de cunhas omissas a jardineiros, administrativos, “barmans”, cozinheiros, empregados de mesa, porteiros, motoristas e outras potenciais profissões, num quadro eticamente imoral, sem carácter e respeito pelos contribuintes que suportam com todas as dificuldades e sacrifícios a que lhes é inerente a excessiva carga tributária.

Não basta ser sério, é preciso parecer”, sabendo-se que estas nomeações do governo geringonça ultrapassaram o limite da capacidade e a resignação de confiança agravada e comprometedora da sociedade portuguesa na classe política e nos governantes, incapazes de uma conduta exemplar e acatamento pelas regras e princípios de lealdade constitucional sem adulterar a limpidez que se impõe na estrutura organizacional em todos os segmentos ou assimetrias de um regime governamental, sem aproveitamento circunscrito ao universo dos cidadãos desinteressados na participação activa nos seus deveres de cidadania na vida política e institucional do seu país.


Autor: Albino Gonçalves
DM

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1 abril 2019