Nos dias de hoje, as oportunidades para se construir e consolidar uma personalidade sólida e coerente são cada vez mais escassas. Muitas das instituições tradicionais vocacionadas para o efeito estão bastante degeneradas. Os seus objetivos transformaram-se em metas meramente materiais, embora teoricamente bem formalizadas. Interessa atingir os resultados financeiros e sociais, descurando-se, nessa formação, os aspetos éticos e morais.
Quando se esquecem os autênticos ideais humanos, a objetividade e a consecução sólida das finalidades formativas das pessoas esboroa-se com muita facilidade. Assim, o verdadeiro modelo humano estável e racional anda, muitas vezes, divorciado dos objetivos dos responsáveis pela condução das populações. A dimensão moral e espiritual, nas instituições públicas, a coberto da laicidade dominante, está praticamente varrida do campo da construção do homem.
Os valores mais relevantes da educação da pessoa humana estão muito menorizados nas relações humanas. Isto acontece porque os planos e programas resistem às diretrizes da consciência e da natureza humana. Einstein defendia que erafundamental que o estudante adquirisse uma compreensão e uma perceção nítidas dos valores e que aprendesse a ter um sentido bem definido do belo e do moralmente bom.Estas palavras são profundamente verdadeiras.
E saíram de um génio da humanidade que não sentiu pejo em as proferir e deixar como testemunho para as gerações futuras que as devem ter em igual consideração como as suas enormes descobertas que todos conhecemos!
Tudo o que uma pessoa faz deve ser determinado pela escala de valores universais e por aqueles em que acredita, desde que não violem os primeiros. A verdadeira riqueza apoia-se sempre em valores sólidos. Ora, os valores têm que ir sendo interiorizados desde a infância de tal modo que a pessoa, ao agir, não tenha necessidade de estar sempre a pensar neles.
Com o decorrer dos anos, já o deve fazer automaticamente, uma vez que tal estado de ser já integra a sua personalidade. É o caso da humildade, da generosidade, da bondade, da justiça, do profissionalismo, entre muitos outros sentimentos e virtudes.
Nestes tempos de evolução tecnológica, impera ainda mais a ganância, a corrupção, a deslealdade, a carência de educação, bem como uma falta profunda de respeito por tudo o que é direito, justo e humano. Veem-se eventos sobre eventos, mas apenas conta o folclore exterior e os aspetos materiais e sociais. Os responsáveis não pensam que desta distorcida visão da vida humana é que nasce o aumento dos roubos, dos assassinatos, da violência, dos conflitos arbitrários e de toda a natureza de atrocidades que vitimam muitas pessoas e o seu património justa e custosamente adquirido.
As investigações feitas nas ciências da área do comportamento humano revelam a existência de uma relação íntima entre uma saúde mental débil e uma visão profundamente materialista.
Os responsáveis pela educação do ser humano e as instituições que a concretizam não podem descurar a vertente ética, pois, caso contrário, a construção educacional do homem fica muito truncada, iludindo-se a ideologia da sua plenitude formativa.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes