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A Ferreirinha no Santuário porquê?

  1. Muitos são os peregrinos que, ao visitar o Santuário, ficam admirados – e talvez até um pouco intrigados – com o retrato da célebre Ferreirinha bem perto da porta da Sacristia.

Depois de fixarem o olhar na imagem de Nossa Senhora dos Remédios, não há praticamente ninguém que não se deslumbre diante daquela figura sonante da nossa região.

2. Como é natural, não falta quem procure indagar a razão de tal presença.

D. Antónia Adelaide Ferreira – assim se chamava – não era de Lamego, mas da Régua, mais propriamente da Quinta das Nogueiras, do lugar de Jugueiros.

  1. A vida desta grande empresária é muito conhecida e admirada.

O seu carácter empreendedor está prolixamente vincado.

  1. Vivendo entre 1811 e 1896, destacou-se no cultivo do Vinho do Porto.

De família muito abastada, o dinheiro abundava e as vinhas multiplicaram-se.

  1. Tendo tido dois filhos, ficou viúva aos 33 anos. Tal condição como que excitou nela uma surpreendente vocação de empresária.

Chegou a acumular uma fortuna considerável, que incluía cerca de trinta quintas.

  1. Acresce que a sua bondade não era inferior ao seu engenho.

Notabilizou-se por apoiar as famílias dos trabalhadores das propriedades que possuía.

  1. Teve, entretanto, de se confrontar com uma devastadora doença da vinha: a filoxera

Por tal motivo, foi a Inglaterra a fim de se inteirar dos meios mais avançados para lutar contra esta peste.

  1. Além do vinho, também incrementou a plantação de oliveiras, amendoeiras e várias espécies de cereais.

A sua notável capacidade de visão levou-a a conseguir exportar muitos dos seus produtos, designadamente para terras britânicas.

  1. Sucede que, a 22 de Novembro de 1890, a Ferreirinha decidiu fazer uma oferta – considerada «avultadíssima» – ao Santuário: «um conto de réis»!

Dois dias depois, a Mesa da Irmandade promoveu uma reunião extraordinária. O único ponto da agenda era expressar o reconhecimento pela «generosidade e grandiosa piedade desta excelsa e venerandíssima senhora».

  1. Tal dádiva fez com que a Irmandade se repassasse de «nobre orgulho pela demonstração, tão lisonjeira, de confiança na sua administração».

Para sinalizar a gratidão, prometia fazer «sinceras súplicas à Virgem Nossa Senhora dos Remédios em bem das felicidades e venturas de que é digna tão veneranda, respeitável e benfeitora senhora».

  1. Deste modo, a Ferreirinha foi admitida como irmã remida e incluída no catálogo dos beneméritos do Santuário.

Pediram-lhe ainda licença «para que o seu «retrato tão querido fosse colocado na Galeria dos Benfeitores». Onde ainda se encontra!


Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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1 setembro 2020