Decorreu esta semana a última das doze tertúlias “Café com Fair-Play”, organizadas pela Synegia em parceria com a CMB e o IPDJ no âmbito da Braga, Cidade Europeia do Desporto. O tema - O Olimpismo/Paraolimpismo e os valores Olímpicos/Paralímpicos, Ética e Fair play – foram pertinentes.
Os palestrantes convidados - Albertina Machado, Ricardo Ribas, Luís Marta e Inácio Anjos – foram incisivos. Viajamos inclusive até à Grécia Antiga para perceber os primórdios das Olimpíadas, (des)igualdades, valores, ética e fair play.
Ser atleta Olímpico, hoje em dia, que tipo valores transporta? Justificam-se diferenças de apoios relativamente aos Paralímpicos? A CMB, pioneira no igualar de bolsas em resultados de mérito semelhantes, esteve bem? Ética, o que é?
O tempo foi exíguo para abordar com profundidade todas estas questões, pelo que, e devido ao racionamento de carateres a que sou forçado, vou abordar o tema mais premente - a ÉTICA (não só) no desporto. A
palavra deriva do grego e significa aquilo que pertence ao caráter, sendo condicionada por atitudes e convicções que ou se têm…ou não. Pode ser ensinada? Talvez, se tal acontecer desde o berço, ou tenra idade mas, mais ainda, se acontecer através do exemplo - um dos principais elementos na formação de princípios éticos.
No desporto em geral, e no olimpismo em particular, há ética? Atendendo a programas existentes (http://www.pned.pt/) para a sua promoção e divulgação, creio que deve escassear, pelo que necessita ser continuamente incentivada. Há a convicção que os valores da ética parecem conviver mal com os valores financeiros.
São duas forças do universo que fazem lembrar o magnetismo (opostos atraem-se e iguais repelem-se) e o facto de ambos terem a palavra “valores” faz com que pareça difícil coabitarem porque estes “valores” têm, nos dois casos, diferentes e múltiplos significados.
Há desportos mais propensos e necessitados de adquirir princípios éticos? Pelo que foi dito anteriormente, deduzo que sim, aqueles em que o aspeto financeiro prevalece. Estão a pensar o mesmo que eu?
É no futebol, principalmente, que devemos fazer das crianças e jovens, alvos principais de um ataque feroz de transmissão de uma matriz de VALORES e boas práticas, nem que para isso comece a ser necessário deixar pais e avós à porta dos recintos desportivos, sem possibilidade de assistir aos treinos (o que já acontece) e num futuro próximo, quem sabe, proibi-los de assistir aos jogos.
Porque não, um novo regulamento em que os árbitros usem nos jogos das crianças apenas o cartão branco que premeia fair play, e deixem os penalizadores, amarelo e vermelho, para usar na bancada junto de pais/avós que não sabem SER nem ESTAR num espaço que se quer formativo.
Se houvesse ética à venda, a prenda ideal nesta época natalícia estaria encontrada mas, porque os necessitados são muitos e o desporto em geral e o futebol em particular, não são mais que um reflexo da sociedade, o stock esgotaria rapidamente.
Autor: Carlos Mangas
A ÉTICA (não só) no desporto
DM
14 dezembro 2018