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A (esquecida) «guerra» contra os cristãos

Entende-se que nem todas as ocorrências possam ser noticiadas. Mas é difícil perceber que alguns acontecimentos sejam repetidamente omitidos.No que respeita aos conflitos, se não é possível referir todos, que, pelo menos, não se silenciem sempre os mesmos.

É que, por vezes, prevalece a impressão de que, a par de tantas «guerras lembradas», parece haver um número muito maior de «guerras esquecidas».Quem fala, por exemplo, da perseguição que, em muitas partes do mundo, é movida contra os cristãos?

Há, sem dúvida, quem fale – e quem alerte –, mas tal informação está longe das primeiras páginas. E, no entanto, são milhões de pessoas que estão a ser ameaçadas, agredidas e eliminadas. Só por existirem e cometerem o «crime» de serem cristãs.

Não podemos ignorar que – só no ano passado – 260 milhões de cristãos (um em cada oito) foram duramente perseguidos em todo o mundo.Quase três mil (2983) foram inclusivamente mortos.

E, já neste novo ano, só no dia 9 de Janeiro foram destruídas nove imagens de Nossa Senhora na França. No dia 12, um missionário de 82 anos foi assassinado na África do Sul.E que dizer das igrejas que são continuadas incendiadas um pouco por toda a parte?

Que é feito do preceito da liberdade, tão amplamente invocado? É urgente que saiamos das trevas em que querem mergulhar o mundo. E é vital que nunca nos deixemos abater.Os cristãos parecem ter – desde o início – contrato firmado com a adversidade e com o martírio. Temos de estar preparados para tudo, até para derramar o sangue por Jesus. Tanto mais que Ele já derramou o Seu por nós.

Sintomaticamente, as orações da Eucaristia da Primeira Semana do Tempo Comum podem funcionar como um precioso programa para estes tempos.Nelas pedimos «luz», «coragem» e «graça».

Assim, na Oração Colecta (antes da Primeira Leitura), rogamos «luz para conhecer a vontade de Deus» e «coragem para a cumprir fielmente».E, na Oração após a Comunhão, suplicamos «a graça de O servirmos com uma vida santa».

Nas viagens tantas vezes tortuosas da vida, eis do que mais carecemos: luz para conhecer a vontade de Deus. Mas também necessitamos de muita coragem para a cumprir.Só o conhecimento é insuficiente. Uma vida santa é o melhor que podemos mostrar.

São John Henry Newman colocava «a santidade acima de tudo». A santidade, no fundo, é deixar que Deus tome conta de nós.É Ele que tornará luminosos estes tempos (cruamente) sombrios!


Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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28 janeiro 2020