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A epidemia da depressão em Portugal

Todos nós estamos, infelizmente, habituados à palavra depressão. Todos nós já ouvimos falar de alguém próximo que está ou esteve com depressão, ou até mesmo nós já passamos por tal. Mas afinal, o que é a depressão? A depressão é uma doença psicológica – um estado emocional que diminui a nossa saúde mental. A palavra depressão circunscreve a disposição que sentimos em determinada altura – é um estado provocado pela angústia que experimentamos quando pensamos e/ou estamos em situações na vida que nos perturbam e entristecem. É, então, um estado introspetivo que nos faz sentir o nosso corpo a afundar, numa angústia tão avassaladora que põe em causa o nosso bem-estar, e, em certos casos, de quem nos rodeia. Números reais apontam que Portugal é o país da Europa com a taxa de depressão mais elevada e o segundo no mundo, sendo ultrapassado apenas pelos EUA. Ou seja, vinte e três por cento da população portuguesa sofre de um problema de saúde mental; por ano, 400 mil portugueses são diagnosticados com depressão. No ano de 2017 foram prescritos 20 milhões de embalagens de psicofármacos em Portugal, sendo gastos diariamente 600 mil euros neste tipo de medicação. Ainda sobre tais números assombrosos, todos os anos, em Portugal, mais de mil pessoas cometem o suicídio e, muitas mais milhares de pessoas tentam o suicídio e/ou permanecem, constantemente, com ideação suicida. Estes pensamentos suicidas, no contexto de depressão, são um sinal de gravidade que expressam muitas vezes o desespero e não devem, nunca, ser menosprezados. Em Portugal pouco tem sido feito em relação a esta epidemia, bem como ainda existe associado um estigma que constitui uma importante barreira ao diagnóstico atempado bem como à sua prevenção. Estigma este que está enraizado numa cultura ainda bastante retrógrada no que concerne à saúde mental. Somos movidos por uma cultura em que “um homem não chora”, depressões são tabu, e que essas pessoas são apenas menos fortes (para não dizer fracas). Ora, é imprescindível ultrapassar tais estigmas, pensamentos, e até comportamentos, bem como desenvolver toda a prevenção desta tão incapacitante doença.
Autor: Marília Pereira
DM

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28 novembro 2018