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A educação e os valores

O relativismo dogmático invadiu as sociedades modernas, passando a ser uma referência para muitos, inclusive para aqueles que exercem funções que se refletem nos seus subordinados. Os princípios éticos universais perderam a sua eficácia, degenerando consoante as convicções pessoais.

A palavra “verdade” passou a ser o eufemismo da mentira; o termo “honestidade” passou a ser a ventoinha da corrupção; o étimo “paz” passou a ser o mensageiro da violência; o vocábulo “religião” passou a ser o anemoscópio do paganismo. Que verdade é difundida nos meios de comunicação social? Que tipo de honestidade se apregoa? Que espécie de paz se divulga? Reina a distorção dos princípios e dos valores, outrora intocáveis nas várias civilizações humanas que vigoraram ao longo dos tempos. 

Na vida moderna, as oportunidades para adquirir e consolidar personalidades sólidas e coerentes são cada vez mais raras. As instituições tradicionais responsáveis pela educação do homem andam divorciadas da realidade. Os pais abdicaram das suas obrigações de educadores; o Estado tornou-se um títere dos interesses partidários de ocasião. Os objetivos educativos verdadeiramente humanos, no seu conjunto, transformaram-se em metas meramente formalizadas e cuja consecução enferma de distorções profundas. Interessa atingir os resultados estatísticos, descurando-se a formação da personalidade eticamente humana.

A perversão dos valores é mais que evidente nas sociedades atuais, onde se utiliza desadequadamente a tecnologia moderna, o que explica a sua fácil difusão e a sua falsa ação profetizadora. Quando os sistemas educativos se esquecem dos autênticos ideais humanos, a objetividade e a consecução sólida das finalidades formativas dos educandos esboroam-se com muita facilidade. Assim, o verdadeiro modelo humano estável e racional anda ausente dos objetivos dos responsáveis pela condução das populações.

A dimensão moral foi varrida da formação do homem ou ficou reduzida a entidades e a grupos particulares, aliás, muito dinâmicos que ainda a vão preservando e transmitindo aos vindouros. Os valores mais relevantes da educação da pessoa humana estão muito desvenerados nas relações humanas. A vacuidade real dos grandes princípios valorativos dos sistemas educativos vai (e está a) ser paga, bem caro, pelos educandos que passam a ser as suas verdadeiras vítimas.

Isto acontece porque os responsáveis pela educação se transformaram em inveterados resistentes à consciência humana que, no seu íntimo, os vai alertando para o reconhecimento daqueles valores universais que eles teimam em desprezar. Diz Descartes que “não há espírito, por mais néscio e generoso que seja, que não seja capaz de adquirir as mais elevadas virtudes se se comportar de forma reta”. Estas palavras continuam atuais e profundamente verdadeiras. Saíram de um grande filósofo e pensador que não sentiu pejo em as proferir e deixar como norma para as gerações futuras. 

Tudo o que uma pessoa faz deve ser determinado pela escala de valores éticos universais e por aqueles outros novos que a evolução tecnológica oferece, mas que nunca entram em contradição entre si. A verdadeira riqueza apoia-se sempre em valores sólidos. A vida é um processo educativo contínuo e permanente.

 

Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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5 janeiro 2017