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A diferença está na aceleração

  1. A novidade não é a mudança, mas a aceleração da mudança.
Mudanças sempre houve. Mudanças tão aceleradas é que não nos recordamos de ter havido.
  1. É verdade que – como notou o poeta – «o mundo é composto de mudança». Mas salta à vista que «já não se muda como soía».
Mudando como sempre, estamos a mudar aceleradamente como nunca.
  1. Daí que dificilmente nos apercebamos do que nós próprios realizamos.
Foi a humanidade que produziu a técnica. Será que temos consciência de que a técnica está a produzir um novo perfil de humanidade?
  1. No rastreio de ganhos e perdas, importa perceber que temos conquistado muito, mas também temos desperdiçado bastante.
Como nos acostumámos a conseguir, fomo-nos desabituando de esperar. A rapidez está a retirar-nos paciência e a esvaziar-nos de esperança.
  1. Somos uma «geração apressada» e, por isso, «stressada». Mostramos muita eficácia nos actos, mas pouca lucidez nas decisões.
Somos a geração das grandes euforias e, ao mesmo tempo, das prolongadas depressões.
  1. Comunicamos cada vez mais sem filtros. Os espaços mediáticos estão cheios de protestos, pejados de murmurações e inundados de rancores.
Sobretudo os mais jovens, com a sua espontaneidade, não escondem as suas frustrações nem as suas rebeldias. Não falta, assim, quem qualifique muitos adolescentes como… «aborrecentes».
  1. O mais curioso é que são os mais novos quem melhor se movimenta num mundo desenhado pelos mais velhos.
A chamada «geração millennials» (também denominada «geração y») foi apanhada em cheio por uma revolução tecnológica que já estava em marcha.
  1. Por sua vez, a «geração z» (que lhe sucedeu) tornou-se a primeira geração de «nativos digitais». Nos tempos que correm, é especialmente nas redes sociais que se estabelecem os contactos pessoais.
Só que pouco parece ser sólido. As relações entre as pessoas são instáveis e os trabalhos precários.
  1. Sempre à procura da última novidade, facilmente nos cansamos: das coisas e também das pessoas.
São cada vez mais os objectos que arrumamos e as pessoas que descartamos.
  1. Contudo, não é por acaso que, segundo a Bíblia, «a sabedoria está nos cabelos bran­cos e a inteligência na longevidade» (Jb 12, 12). Quem nega que a experiência é uma preciosa fonte de ciência?
Não diabolizemos o que é novo. Mas também não subestimemos o que, vindo do passado, não está ultrapassado. Com todos podemos aprender, enquanto nos for dado viver!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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19 junho 2018