Um ano exato após as eleições autárquicas de dia 1 de outubro mantenho a convicção de que “A democracia não é a história dos vencedores, mas sim a história daqueles que pretendem servir o seu país”.
Para mim, o que importa mesmo, quando falamos de serviço público e de democracia é o primado das Pessoas e dos Eleitores,face a interesses privados, pessoais, partidários e outros.Respeita-se, assim, os eleitores, a democracia e a causa pública, levando a sério, após a eleição, os compromissos efetuados enquanto candidatos.
Só assim, vale a pena dedicar parte das nossas vidas à “Res Publica” (em latim “Causa Pública”), integrando um partido ou um movimento de cidadania ou mesmo uma lista de independentes. Para tal, temos de ser contra tacticismos, falsos apoios e todas estas práticas, infelizmente muito correntes no dia-a-dia e que só degradam os seus atores, a política, os partidos e a nossa democracia.
Lutamos, não para vencer. Lutamos para colocar em prática os nossos valores e as nossas convicções. A vitória deve ser o meio para atingir este fim e não a vitória ser um fim em si mesmo. É assim, que me influencia as palavras de um grande democrata que foi Salgado Zenha:"Só é vencido – no plano moral – quem desiste de lutar".
São os vencedores que governam, no entanto, resumir um ato eleitoral à vitória de uns e à derrota de outros, é redutor e empobrece o conceito rico e virtuoso da democracia.
Esta leitura é a que predomina, como se só importasse quem vence e a vontade de quem votou no vencedor, ignorando por completo, muitos outros cidadãos que expressaram a sua vontade.
Será que um candidato só é valorizado se for o mais votado? Só vale a pena candidatarmo-nos quando sabemos (ou mesmo temos a certeza) que há uma forte probabilidade de ganhar? Perder é uma “vergonha” que diminui o próprio?
Seguindo esta ordem de raciocínio, dificilmente teríamos homens que fizeram a mudança e inicialmente foram derrotados pelos sistemas. Homens como Aristides de Sousa Mendes, Martin Luther King, presos políticos e outros que lutaram pela nossa democracia, como Mário Soares, Salgado Zenha, Emídio Guerreiro, Álvaro Cunhal, assim como muitos outros, que partiram de uma situação inicial de desvantagem política.
A democracia pelo voto permite que se conquiste pelo voto, e conquistar, muitas vezes leva tempo.
Não é perder ou ganhar o que mais importa, mas sim cumprir o papel para o qual o povo elegeu pelo voto, com seriedade seja no papel de governante ou oposição. É tão importante a qualidade de quem governa, como a qualidade de quem faz oposição.Tanto se pode servir a população a governar bem, como a fazer uma boa oposição, honesta e competente, respeitando a decisão dos eleitores.
É esta máxima que os partidos e eleitos devem respeitar. Só levando a sério os compromissos, demonstramos respeito pelo primado das Pessoas e dos Eleitores.
Será que a grande virtualidade de uma democracia é permitir que haja várias pessoas e projetos alternativos?
Concorrer é um ato de dignidade que possibilita diferentes e amplas escolhas ao eleitorado. Candidatar-se é uma prova de humildade democrática, por se colocar à disposição da escolha do eleitorado.
Permitir que alternativas democráticas se formem, criando um espaço próprio para quem governa e outro para quem se opõe. Tendo sempre presente que as minorias de hoje podem transformar-se nas maiorias de amanhã.
É necessário que mais e melhores concorram, independentemente das probabilidades de ganhar ou perder. Um verdadeiro democrata, que quer “elogiar a democracia”, não espera pelo melhor momento, avança no momento mais adverso, porque o que importa não é ganhar, mas fortalecer a nossa cidade, o nosso país e a nossa democracia.
Para concluir, são estas as razões que me levaram a candidatar-me há um ano à Câmara Municipal de Braga, para valorizar o serviço público. Este precisa de pessoas disponíveis, com lógicas e maneiras de estar diferentes. Novas Ideiasna política, Novas Ambições para além da vitória por si mesma.
Ou seja, uma “Verdadeira Mudança”que a política e os próprios partidos estão a precisar. Reafirmo o que afirmei em campanha: o meu único compromisso são os Bracarenses.
Autor: Miguel Corais