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A autêntica felicidade será compatível com a laicidade e a desmoralização dos costumes?

A laicidade e a desmoralização dos costumes não conseguem garantir nem proteger o bem-estar da humanidade. Por mais convencidos que estejam os defensores destes ideais e por mais que se empenhem obstinadamente nesta luta, julgando que, deste modo, proporcionarão um estado de alegria e de satisfação nas pessoas, estão profundamente enganados.

Toda a política de desmoralização dos costumes e de eliminação dos símbolos religiosos viola a natureza humana, enfermando de uma contradição insanável e de uma hipocrisia flagrante. Estados de satisfação, de alegria e de felicidade não se harmonizam, interna e naturalmente, com modos de vida eivados de uma laicização vivencial, de um aconfessionismo praticante e de uma perversão sócio-comportamental.

As relações entre os homens vêm sendo cada vez mais frívolas, mais mecanizadas, mais secas ou meramente formais, mais egoístas e muito estereotipadas por variáveis materialistas.

Em qualquer função que desempenhem, muitos indivíduos ou grupos sociais, nas comunicações entre si, descuram qualquer vestígio ou sinal de moralidade. Se o homem não esquecesse a sua dimensão ética e fosse, por isso mesmo, mais honesto, mais justo, mais humano, o mundo seria menos desigual e as crises económicas e sociais seriam em menor número, muito mais ligeiras, menos traumatizantes e mais fáceis de reparar.

O mundo está a tornar-se excessivamente complexo e as pessoas não se sentem felizes. Predomina a melancolia, a ira, o cinismo, a indignação e a insatisfação contínua, porque falta a educação, a justiça, a compreensão e a solidariedade humana, que deram lugar a um espírito materialista cego e desumano. Se o homem se preocupasse mais com aquilo que ele é na sua essência e fosse menos dominado pela ganância, não viveria tão ameaçado. Os jovens (e não só) possuem uma cultura geral muito limitada, desorganizada e sem grandes horizontes.

A sua desorientação é tão grande que todos os dias são noticiadas agressões e mortes, tanto ao sair dos espaços de diversão noturna, como em acidentes no percurso de regresso a casa. Se os ouvirmos nos seus diálogos, nos seus discursos, nas suas entrevistas, nas salas de aulas, ficamos aterrorizados com as suas atitudes e com os seus conhecimentos.

Chegam às aulas, mesmo já nos anos finais da licenciatura, até em períodos de estágios ou durante a frequência das especialidades, passam o tempo a manusear o telemóvel e entram e saem das salas quando lhes dá na real gana. Por vezes, usam um tipo de linguagem relacional tão popular que já nem o povo mais simples utiliza, tais como: “ O professor/a também andou nas praxes? Foi Praxante?” É por estas e por outras razões que os países estão a ser governados por tantos ignorantes e incompetentes.

Os grandes responsáveis pelos destinos das sociedades e das instituições não são eleitos para se servir, mas para estar ao serviço de quem os elegeu. Há pouco tempo, um gestor máximo de um serviço de enorme responsabilidade, de cujas decisões podia depender até a vida ou a morte de dezenas de pessoas, foi demitido pelas consequências desastrosas da sua má governação, mas, pasme-se, passados uns meses já estava nomeado para um cargo de muito maior responsabilidade e usufruindo de um vencimento muito mais avantajado do que o anterior. E como se compreende também que partidos de esquerda defendam ditadores sanguinários de ideologia de direita?

Enquanto o ser humano puser os bens materiais acima dos valores morais e espirituais, não tem um futuro digno. Muitos jovens não apreendem o valor da disciplina, da responsabilidade, da urbanidade, da dignidade, da ética, do civismo, do gosto pelo estudo, do reconhecimento da importância do saber e do respeito pelos pais, pelos professores e pelos outros.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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19 abril 2018