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A alternativa urgente: Paulo Rangel

1. Arrisco dizer que, em 47 anos de democracia, nunca um chefe de governo, quem o suportou e o respetivo aparelho tiveram tanto poder em si concentrados. António Costa, o PS e a extrema esquerda beneficiaram, durante os últimos 6 anos, de uma liberdade de atuação até pouco condicente com a vida democrática: o ainda primeiro-ministro disse o que queria; fez o que queria; dispôs de quem queria; autorizou e desautorizou quem queria, no momento em que quis, da forma que quis. E, tudo isto – e é possível fazer este juízo sem reticências –, sem que lhe fosse apresentada resistência de relevo por quem o podia e devia ter travado ou, pelo menos, feito desacelerar. Nos últimos 6 anos, António Costa e o PS conseguiram a proeza de pôr e de dispor a seu bel-prazer do Estado e da vida dos portugueses.

2. Tudo isto, não nos enganemos, aconteceu sobretudo por uma razão: a oposição demitiu-se de cumprir o seu principal papel. O PSD – que, com o PS, se constitui verdadeiro garante da alternância democrática em Portugal – não fez pelos portugueses aquilo que lhe competia.

3. São várias as razões que levaram a esta demissão de responsabilidades. Entre preferir-se esperar que o governo caísse de podre, até vislumbrar-se, qual vista curta, como único caminho o estabelecimento de um medonho e medroso Bloco Central, o PSD, nos últimos anos, viu o seu líder concentrar-se, antes de tudo, em fazer frente a quem a ele se opôs nos momentos eleitorais internos pelos quais o PSD (ordinariamente) atravessou. Mais do que combater o governo e o PS, impedindo-os de prosseguirem livremente o seu ímpeto estatista, não reformista e entorpecedor do desenvolvimento da sociedade portuguesa, o ainda líder do PSD gastou as suas energias (e, com as dele, as do próprio Partido) numa guerra estéril do ponto de vista da afirmação do PSD e do seu programa junto dos portugueses. Rui Rio transformou aqueles que podiam ter sido por si aproveitados para demonstrar a sua elevação humana e política, nos seus maiores adversários. Rui Rio, em vez de envolver, preferiu ostracizar.

4. Ora, o PSD não é isto, nem tem de se resumir a isto. O PSD precisa de um líder de todos e com todos e não de um líder de fação; o PSD precisa de um líder para o País e não de quem viva obcecado com os seus medos.

5. O PSD precisa de um líder que saiba unir. Precisa de um líder que reconcilie os militantes – entre eles e com o Partido –, mas também que subleve, unida, a sociedade portuguesa. Paulo Rangel quer unir. E este é o primeiro passo – é o passo obrigatório! – a dar por quem quiser liderar o PSD. Só com um partido unido e com as baterias apontadas ao seu exterior é que o PSD poderá voltar a liderar, com estabilidade, o País. E, para isso, Paulo Rangel deverá dar logo um sinal: quando eleito, deverá, também junto dos apoiantes de Rio, escolher os melhores, trazendo-os para junto de si, em vez de, como tem acontecido com a atual liderança, os afastar, desaproveitando-os.

6. O PSD precisa de um líder que rompa: que rompa verdadeiramente e se disponha, sem complexos, a preconizar as verdadeiras, porque estruturais, reformas que o País precisa. Os portugueses precisam de esperança – esperança de que é possível um caminho alternativo àquele que nos tem sido imposto pela esquerda. O PSD precisa de alguém que não se resigne, que não julgue ser nosso fado andarmos de mão estendida a uma esquerda viciada, estática e ultrapassada.

7. O PSD precisa, mais do que nunca, de ser a alternativa. Os portugueses precisam de alguém que lhes dê a oportunidade de trilharem um novo caminho, virado para o futuro e com respeito pela liberdade individual. O PSD precisa de alguém que se comprometa a fazer da mobilidade social um desígnio e que torne efetiva a possibilidade de cada um, à nascença e independentemente da sua origem social, ter como certa a possibilidade de subir na vida, com base no seu esforço, vontade e dedicação.

8. Agora, o PSD precisa de Paulo Rangel.


Autor: João Rodrigues
DM

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4 novembro 2021