1.A Igreja celebra em 01 de novembro a solenidade de Todos os Santos.
É o dia dos Santos anónimos. Nós, os crentes, celebramos os santos que, embora não constem dos calendários litúrgicos nem do Martirológio, gozam da visão beatífica; partilham da felicidade com Deus.
Esta celebração lembra não serem santos apenas aqueles que a Igreja canonizou, elevando-os à honra dos altares.
Neste dia celebramos os nossos familiares e amigos que estão com Deus e cujos exemplos devemos imitar.
2. Somos também convidados a tomar consciência de que a santidade é um chamamento que Deus faz a cada um de nós e que o ideal da santidade está ao alcance de cada um. A santidade não é algo que cheire a mofo nem é um ideal impossível de atingir.
Lembra-nos ainda este dia que são santos todos os que vivem na graça de Deus e por amor a Deus cumprem os seus deveres. Que a santidade não consiste em fazer coisas extraordinárias mas em fazer extraordinariamente bem as coisas simples e vulgares de cada dia. Que para sermos santos talvez não precisemos de fazer mais do que o que já fazemos, mas de o fazer de outra maneira.
Para atingir a santidade o Evangelho da Missa de hoje propõe a prática das Bem-Aventuranças.
3. Todos somos chamados a ser santos mas não beatos, no sentido pejorativo do termo.
Santos que andem de fronte levantada e não de cabeça torta.
Santos que rezem falando com Deus e não choramingando.
Santos que sejam verdadeiros homens do nosso tempo e se empenhem na transformação do mundo em que vivem, procurando que seja cada vez mais humano, mais fraterno, mais justo, mais solidário.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o santo não é um indivíduo ensimesmado, sombrio, carrancudo, triste, de olhos baixos, ar severo, sorriso difícil.
Leon Bloy escreveu: «existe uma tristeza única: não ser santo».
Em vez de santas há pessoas que preferem ser beatas, no tal sentido pejorativo do termo.
Prefere-se ser lamuriento, taciturno, cabisbaixo, resmungão. Dá-se, então, uma ideia errada do que é a santidade e do que é a prática religiosa.
4. Olhamos para os altares e as imagens apresentam-nos, na generalidade, santos vestidos de uma forma estranha. Parece que não foram pessoas deste mundo.
É imperioso mostrar haver santos de fato e de gravata, haver santos de bata, haver santas de avental, haver santos de fato-macaco.
É imperioso mostrar que os santos são pessoas normais, que se riem, que se divertem, que convivem.
O santo não é um extraterrestre, mas uma pessoa normal, que vive no mundo em que a generalidade das pessoas se movimenta. Que faz muito do que os descrentes fazem, mas talvez com outro espírito e com outra mentalidade. Não desprezando os bens materiais, porque também deles precisa, não trabalha só para ganhar dinheiro mas para servir Deus e o próximo. Sempre que necessário, faz trabalhos que não são remunerados.
5. Aos olhos de Deus não há heróis ocultos. Todos os santos têm a sua festa.
A Solenidade de Todos os Santos é celebrada em toda a Igreja desde o século VIII. Na Igreja Romana já um século antes se celebrava a dedicação do Panteão a todos os Santos.
Nas primeira e terceira leituras desta solenidade, em que glorificamos a Deus nos Seus Santos, têm particular realce os mártires (vêm da grande tribulação, lavaram as túnicas no sangue do Cordeiro, os que são perseguidos por causa do Evangelho). Testemunhar Cristo com o seu sangue é a marca mais segura de santidade. E o número dos mártires não deixa de crescer.
Nota final. Não confundir o dia de hoje com o de amanhã, em que se nos lembra o dever de sermos solidários para com os irmãos que se purificam no estado de Purgatório.
Autor: Silva Araújo
Todos os Santos
DM
1 novembro 2017