Na próxima quinta-feira completam-se 46 anos do 25 de novembro de 1975, data memorável que deve ser assinalada e jamais esquecida. À semelhança de outros aniversários marcantes da nossa história, é tempo de recordar e celebrar.
É tempo de lembrar a vitória das forças militares democráticas que se opuseram com lucidez e coragem aos seus camaradas revolucionários radicais que pretendiam impor em Portugal um regime de cariz totalitário.
Ninguém deve esquecer o agitado período decorrido entre 11 de março e o 25 de novembro daquele ano, que ficou conhecido como PREC (Processo Revolucionário em Curso), em que se assistiu à nacionalização dos bancos e das grandes empresas, à ocupação selvagem de casas e terras expulsando os seus legítimos proprietários, à invasão e posse da Rádio Renascença e de outras ilicitudes que chocaram frontalmente com o Estado de Direito.
Volvidos quarenta e seis anos sobre esses inesquecíveis acontecimentos, acredito que ainda não foi feita a merecida justiça aos heróis desse dia, nomeadamente Ramalho Eanes, Jaime Neves, Melo Antunes, Costa Gomes, entre muitos outros, que nos livraram de uma nova ditadura e nos permitiram caminhar para uma democracia de estilo ocidental, como hoje a conhecemos.
Quando devemos evocar uma data marcante da nossa história que teve no Partido Socialista de Mário Soares um dos grandes obreiros na defesa da democracia pluralista, não deixa de ser curioso assistir ao fim da “geringonça” de que António Costa se serviu há seis anos para se tornar primeiro-ministro de Portugal. Se bem me lembro, as eleições legislativas desse ano tinham decorrido sem sobressaltos e dado a vitória, sem maioria absoluta, à coligação PSD/CDS, liderada por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. No entanto, ao arrepio dos antecedentes históricos que diziam que os governos em Portugal sempre tinham sido liderados pelo partido vencedor das eleições, António Costa viria a negociar na Assembleia da República o apoio do Bloco de Esquerda (BE) e da CDU (Coligação Democrática Unitária-PCP-PEV) para alcançar o poder.
Aqui chegados, sabendo o resultado que deu esta governação de seis anos e que culminou com a interrupção abrupta da legislatura e a consequente marcação de eleições antecipadas para 30 de janeiro do próximo ano, é tempo de pensar profundamente.
É tempo de perguntar se o caminho seguido por António Costa, fazendo depender a sua sobrevivência política de então dos partidos à sua esquerda, valeu a pena. É tempo de questionar se a sua estratégia de adulterar o caminho que o PS sempre tinha tido na sociedade portuguesa foi benéfico para os portugueses.
É tempo de balanço e de inquirir o que foi feito durante seis anos de governo e que avanços teve o país. Houve suficiente crescimento económico, aumento do bem-estar da população e diminuição da pobreza? Modernizou-se a administração pública e fizeram-se as reformas necessárias para preparar o país para a competitividade e os novos desafios do futuro?
É tempo de parar, refletir e questionar.
As respostas serão dadas pelos meus estimados leitores.
Que cada um faça o seu juízo e que não deixe de dar o seu veredito no dia do próximo ato eleitoral.
Quando dentro de dois dias se celebra o aniversário do 25 de novembro de 1975, uma data marcante da nossa democracia, faz todo o sentido avivar a memória e recordar a nossa História.
Evocar o 25 de novembro de 1975 e lembrar os heróis que evitaram a implantação de uma república popular e quiçá a implosão de uma guerra civil que nos faria mergulhar no caos, é um ato de justiça e uma sentida e merecida homenagem.
Uma data a celebrar e a nunca esquecer.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira