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Jantar dos Conjurados, Restauração e 500 Anos de Camões e Vasco da Gama

O último Jantar dos Conjurados realizou-se no Hotel Palácio do Estoril a 30/11 com a Família Real, S.A.R. o Senhor Dom Duarte Pio de Bragança. Este jantar simboliza um dos episódios mais emblemáticos da História de Portugal. Cerca de 40 Conjurados prepararam o golpe decisivo contra o domínio dos Reis Filipes Espanhóis e conseguiram espoletar tal processo em 1/12/1640. Seguindo-se um período de cerca de 28 anos de guerras fratricidas com a Coroa de Castela. Como aliás já tínhamos comentado no nosso artigo publicado em 6/12/24, entre outros. Aí falamos num herói esquecido, entre muitos, da Guerra da Aclamação que foi ferido com uma bala na cabeça em 1644, o Capitão Pedro Gomes Cortês. Figuras de influência pública em Portugal alinharam os últimos detalhes duma conspiração que tinha por objectivo restaurar a independência perdida durante cerca de 6 décadas. O Jantar dos Conjurados simboliza hoje não só a determinação política dum conjunto de pessoas, mas também a vontade profunda dum país que aspirava à recuperação da sua independência. Os 40 Conjurados desencadearam um Processo Revolucionário, o qual se propagou por todo o (perdido) Reino de Portugal. A revolução culminou com a instauração da IV Dinastia Portuguesa, a Casa de Bragança, e com a aclamação de D. João IV. Que ofereceu a Coroa de Portugal para sempre a Santa Maria Mãe de Deus. O cultivo da História e cultura antigas portuguesas não deveria nunca envergonhar ninguém. Mas como também já assinalado, não foi 1 só dia. Gostaríamos também hoje de lembrar ainda a comemoração dos 500 anos do nascimento do insubstituível Poeta Português Luís Vaz de Camões em 1524. Comemorações prolongadas entre 2024/26. Ao mesmo tempo lembramos os 500 anos sobre a “morte” daquele que é, por excelência, o Navegador da Humanidade, unindo o mundo Ocidental ao Oriente, Vasco da Gama. 1524. Há aqui um sui generis cruzamento histórico. O qual, por sinal, sofre ataques dos ignorantes da “cultura do cancelamento”. Nos finais do Séc. XV, a abertura do caminho marítimo para a Índia abre novos mundos ao mundo por via aquática. Trata-se duma Revolução na própria Humanidade, assegurando novas rotas comerciais, culturais e políticas, e relegando Portugal para o cimo das grandes transformações mundiais. Vasco da Gama é a coragem e a visão que definiram em definitivo a expansão marítima. Ora, por curiosidade, certamente divina para os crentes, e fabulástica para os Historiadores, Camões, que acabou na miséria (Mensagem), viria a transformar a epopeia histórica dos Descobrimentos numa concreta epopeia universal com a publicação de “Os Lusíadas” em 1572. Vasco da Gama como que se reencarna em Camões, o qual eterniza através da aventura e da cultura escritas, com elegância e charme singulares, aquela insatisfação tão genuína e humana que é querer ir mais além. Subir a montanha como Sísifo, mas subir com um brilhozinho nos olhos, um coração cheio de alegria e uma alma infinita numa procura incessante de justiça e poesia. Pois só o espírito é capaz de prevalecer sobre a corrupção do corpo e da matéria. O Português, e os Portugueses, nas suas várias vertentes mundiais, passam a ser uma das mais importantes universalidades da própria Humanidade. Memória, identidade, procura em todos os tempos e lugares de nós mesmos. Seres humanos, insatisfeitos e incompletos. Comemorar estes 2 centenários quinhentistas é redescobrir uma grandeza de Portugal que nenhuma reescrita da História poderá alguma vez destruir. Pois toda a censura irracional é ditadura da corrupção pseudo-ideológica e pretensiosa. O choque das culturas e civilizações de que nos falava Huntington não é mais que uma possibilidade, ou uma parcialidade hipotética humana, pois nada na condição humana supera o amor ao próximo como a si mesmo. De contrário já os males que pululam pelos mundos teriam exterminado todos os infinitos bens que persistem com a força das 4444 estações. Em todos os tempos e lugares. Vasco da Gama deu lugar a Neil Armstrong que quis acabar como professor na Universidade de Cincinnati, onde tive a honra de também já leccionar ao lado do partido Edward J. Latessa. Tudo isto afirma uma continuidade histórica pela qual todo o Português digno desse nome deve lutar. Um Povo que ama a sua Liberdade com responsabilidade e que ousa ir para lá do conhecido. Um Povo que é parte da História da Humanidade.

Gonçalo S. de Mello Bandeira

Gonçalo S. de Mello Bandeira

5 dezembro 2025