Estaremos preparados para o «apagão» que vai imortalizar o Jubileu?
Trata-se do «apagão» da nossa rigidez, da nossa resistência à mudança; em suma, do nosso pecado.
Quem realiza esse colossal «apagão»? Deus, obviamente. Onde? Na nossa vida. De que modo? Pelo Sacramento da Reconciliação.
Por este Sacramento – recorda o Papa Francisco –, «Deus “apaga” o nosso pecado», reacendendo em nós a luz do Perdão, do Amor, da Salvação.
Foi, como sabemos, com este propósito que Deus enviou o Seu Filho. Ou seja, para curar, para salvar.
E hoje, precisamente pelo Sacramento da Reconciliação, Jesus continua a tomar a iniciativa: «Queres ficar são?» (Jo 5, 6). Isto é, «queres ser salvo?»
De facto, não é em vão que, na Bíblia, o mesmo verbo («sozô») tanto significa «curar» como «salvar».
Analogamente, com o latim «salus» tanto descrevemos «saúde» como «salvação». Curar é salvar e salvar é curar. A cura é salvação e a salvação é cura, a definitiva cura.
No Sacramento da Reconciliação, Deus surge como um «implacável destruidor»: como o «destruidor do nosso pecado».
Efectivamente e como insiste o Santo Padre, Deus «destrói o nosso pecado, sara o nosso coração, levanta-nos e abraça-nos, fazendo-nos conhecer o Seu rosto terno e compassivo».
Daí que o Sumo Pontífice garanta que «não há melhor modo de conhecer a Deus do que deixar-se reconciliar por Ele, saboreando o Seu perdão».
E quem não precisa de ser perdoado? «Quem, de entre vós, não tiver pecado que atire a primeira pedra» (Jo 8, 7).
«Todos pecamos» (Rom 3, 23), pelo que todos carecemos do desmedido perdão de Deus.
Por isso – repisa o Papa Francisco –, «não renunciemos à Confissão». Pelo contrário, «descubramos a beleza do Sacramento da Cura e da Alegria, a beleza do perdão».
A oferta do perdão é a comprovação suprema do amor. Daí a afirmação papal de recorte cartesiano: «Sou amado, logo existo».
O amor é sempre recebido antes de ser devolvido e difundido. Pelo perdão, «existiremos para sempre no Amor que não desilude e do qual ninguém nos poderá separar».
A reconciliação sacramental habilita-nos para uma improtelável reconciliação universal: com o próximo (seja ele consensuante ou discrepante), com a humanidade e com a natureza.
Não poderemos alterar o passado, mas seremos capazes de obstruir os seus efeitos nefastos no presente e no futuro.
Deixemos, então, que Deus execute o «apagão» de toda a maldade que empesta a nossa conduta e a nossa convivência. «As tempestades não prevalecerão».
Nunca nos percamos da esperança, a «âncora segura e firme» que nos transporta até ao limiar do impossível!