twitter

Ganhamos, empatamos e…aprendemos

Realizou-se recentemente a Gala comemorativa de mais um aniversário do Sporting Clube de Braga. Deixo aqui, desde já, os parabéns aos atletas, treinadores, dirigentes, sócios e parceiros do clube, premiados. Continuo, no entanto, a não compreender a entrega de prémios a pessoas que representam instituições nacionais e que se alguns apoios nos deram, não fizeram mais que a sua obrigação, como de resto penso que farão com os restantes clubes. Um dos treinadores premiados, Joel Rocha, teve frase impactante que, curiosamente, de uma ou outra forma, já usei algumas vezes em artigos que versavam, essencialmente, o futebol de formação. Disse ele, a propósito do local (Arena) onde se realizava a Gala: aqui, ganhamos, empatamos e “aprendemos”.

O problema mesmo, mister Joel, é quando as aprendizagens de que fala não refletem à posteriori, aquilo que realmente importa e devemos trazer das mesmas - não repetir os mesmos erros - porque aprender implica, em última instância, “errar” melhor do que da última vez. E a verdade é que no SCB, a nossa equipa de futebol masculino tem sido, infelizmente, coerente na constante na repetição dos mesmos erros, mostrando não ter aprendido. Muitas vezes, até assusta olhar para o semblante do treinador no banco, incrédulo, também ele, com o que vê.

O problema do “aprender” que o treinador de futsal do SCB tão bem definiu é que para além dos dirigentes desportivos, treinadores e atletas, há outros que detestam “aprender” – os adeptos. E estes, de uma ou outra forma conseguem, bem ou mal, influenciar negativamente aqueles. Analisem-se, a nível mundial, as constantes trocas de treinadores motivadas essencialmente por os respetivos clubes estarem a “aprender” muitas vezes.

Recentemente, vi uma palestra de Roger Federer onde ele assumia que de todas as partidas jogadas – que lhe permitiram ser durante muitos anos o jogador com mais sucesso no ténis mundial - os pontos por ele conquistados foram apenas 54% do total dos pontos jogados. Ou seja, um dos maiores desportistas de todos os tempos, teve uma percentagem de sucesso pontual quase a roçar…o negativo. Mas a realidade mostra-nos que nos 46% em que não teve sucesso, ele, certamente, aprendeu.

O que todos gostamos mesmo é conseguir não… “aprender”, porque embora entoemos muitas vezes a letra da música de Marisa “…É preciso perder para depois se ganhar…” só queremos mesmo é do que vem a seguir ao ”depois…”

Concluo com quem já se encontra no “depois”: a nossa seleção de andebol. Está a mostrar que as muitas “aprendizagens” que foi adquirindo em contexto competitivo de excelência - porque com e contra os melhores – estão a ser bem utilizadas, permitindo-lhe na atualidade aceder a patamares dificilmente imagináveis há uma ou duas décadas atrás. Pelo que, e independentemente do resultado - em termos classificativos - que venhamos a conseguir neste mundial, mesmo contra as superpotências da modalidade já “aprendemos” poucas vezes, e o mais habitual começa a ser empatar e/ou ganhar.

Parabéns, pois, à estrutura dirigente, equipa técnica e respetivos Heróis do Mar…nos pavilhões.


 


Car

Carlos Mangas

Carlos Mangas

24 janeiro 2025