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Janeiro, primeiro mês do ano: começar e recomeçar

 


 

Estamos ainda no princípio de um ano, apesar dos dias já se terem adiantado neste mês de Janeiro na sua marcha inevitável. Contudo, não será exagero afirmar que na data em que nos encontramos, e se tivermos em conta a duração de um ano, não deixaremos de afirmar que nos encontramos no início de 2025.


 

E é sempre muito oportuno nestas circunstâncias deitarmos contas à vida. Se formos sinceros connosco mesmos, verificaremos que somos um misto de realidades boas e menos boas, ou até mesmo, más. Não vivemos com esmero em tudo e, se fizermos um exame de consciência sobre o que realizámos, é natural que encontremos uma grande porção de realidades que manifestam que nos encontramos muito longe da verdadeira e devida perfeição.


 

Para um crente, certamente que reconhece as suas fraquezas e sabe que jamais poderá alcançar a perfeição divina. A sua luta por melhorar deve ser contínua e persistente, tendo no entanto a consciência de que o que consegue alcançar está sempre longe de ser o máximo grau do que poderia se, em tudo o que fizesse, fosse totalmente primoroso, tal como acontece com a acção de Deus.


 

Por isso, este tempo inicial de um novo ano pode e deve levá-lo a pensar como enfrentar a vida, a fim de que consiga obter do que ela lhe proporciona os melhores resultados. Por suposto... os melhores resultados, tendo em conta a sua condição de criatura que aparece na existência por vontade de Deus e que Este lhe proporciona todas as possibilidades, de acordo com a capacidade das suas faculdades naturais, de realizar o bem e evitar o mal. Como é óbvio, contando com a graça divina para a sua acção, sempre tendo em conta, com S. Tomás de Aquino, que este dom que Deus nos oferece, não se opõe à nossa natureza, antes pelo contrário: a completa e aperfeiçoa. O que significa que a correspondência humana ao que a graça é capaz de lhe proporcionar, nos torna mais eficazes e aumenta a nossa capacidade de fazer o bem.


 

Recordo sempre com grande alegria aquela passagem do Evangelho, onde S. Pedro pergumta a Jesus, talvez com algum receio de exagerar, até quantas vezes se deve perdoar quando se é ofendido. E aponta um número: sete vezes. A resposta de Cristo ultrapassa tudo o que o primeiro chefe da Igreja poderia supor: não até sete vezes, mas até setenta vezes sete.


 

Esta bitola de perdão, que é a de Deus em relação ao ser humano, devemos encará-la com a alegria de quem sabe que quem nos criou conhece, melhor do que ninguém, as nossas debilidades. E que tem, além disso, um sentido de responsabilidade absoluta em relação ao nosso futuro. Criou-nos para participarmos da felicidade celestial e, por isso, tudo fará da sua parte para que nós a alcancemos. Esta atitude divina só é possível se pensarmos no amor que Ele nos tem. Perdoar sempre custa. Mas quando há amor verdadeiro - e o de Deus para connosco é incomparável -, o perdão é a atitude que demonstra a consideração e a compreensão que nos devota quem assim nos absolve.


 

Estamos no mês de Janeiro. Pensemos em todas estas realidades e tentemos fazer sempre o que é um bem, tendo muito presente as nossas fraquezas e as nossas possibilidades de as superar, vivendo a virtude da humildade e aceitando a ajuda que a graça de Deus nos concede.

Pe. Rui Rosas da Silva

Pe. Rui Rosas da Silva

19 janeiro 2025