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Multiculturalismo digital

Nos primeiros dias deste ano participei numa excelente Conferência dinamizada pela Casa do Professor, onde diversos temas relacionados com a Multiculturalidade na Educação foram apresentados e debatidos, nomeadamente na forma de acolher, integrar e favorecer a participação escolar e social das pessoas que imigram para o nosso país. Numa das apresentações, exemplarmente explanada pela Dr. Ana Margarida Fonseca, sobre a Cultura Digital, foram sugeridas muitas das grandes virtudes para romper as barreiras da comunicação que as plataformas de Inteligência Artificial (IA) apresentam. Cada vez mais, a cultura digital é fundamental, porque o mundo digital já está impregnado, de muitas formas, nas nossas vidas. Não há dúvidas que a utilização facilitada da IA tem enormes vantagens sobre imensas áreas do dia-a-dia das pessoas, comunidades, empresas, sistemas e sociedades, porém existem determinados “perigos” na utilização perniciosa da tecnologia, e algumas delas são claramente o aumento da dependência das crianças e jovens e o tempo em excesso da sua utilização. Mas existem mais perigos, nomeadamente, associados a burlas – cibercrime- e à má utilização dos meios digitais, e aí, todos podemos ser vítimas. Não utilizar não é opção, tal como proibir não poderá ser o caminho. Nesta encruzilhada, nada melhor do que criar, de forma eficiente, uma cultura de utilização de forma a que o mundo digital deixe se ser um pântano, mas antes um espaço de navegação seguro e que conduza as pessoas aos seus intentos.

No desporto, a integração do digital tem transformado o ambiente que o rodeia, porque foram criadas ferramentas que estão a ajudar no desempenho desportivo, na evolução dos índices de performance, monitorização e análise dos atletas e dos processos de treino e competição. Existem inúmeras vantagens na integração da cultura digital no desporto, nomeadamente, através da análise rápida e concisa de bancos de informação e de interpretação dos dados para melhorar os planos de jogo (tática); na preparação minuciosa dos índices físicos dos atletas; no controlo das substâncias associadas ao doping; na melhoria da eficácia da recuperação desportiva e avaliação dos parâmetros físicos; na capacitação que disponibiliza para treinadores e atletas (informação e conhecimento atualizado); na possibilidade que cria na informação em tempo real ou plataformas interativas; na gestão e controlo logístico dos eventos; na sustentabilidade e eficiência dos meios de controlo das atividades e, também na inclusão de pessoas portadoras de handicap motor ou intelectual.

O ambiente digital não pode ocupar o espaço da interação humana, nem pode cumprir alguns dos papeis que o ser humano desempenha, mas pode claramente ser uma grande vantagem, desde que utilizada de forma segura e positiva.

Cabe-nos estar atentos (educadores, autoridade e população em geral) de forma a criar uma cultura forte na utilização positiva, ética e segura da Inteligência Artificial, mas tal como disse o Papa Francisco, o risco maior “está na falta de Inteligência Natural”…


 


 


 


 


 


 

Carlos Dias

Carlos Dias

10 janeiro 2025