No passado dia 24 de dezembro completaram-se 500 anos da morte de Vasco da Gama, iniciando a sua última viagem, data evocativa a qual, pela importância histórica da figura, não se devia cingir ao programa do ministério da cultura criado para o efeito, com o dia 16 de dezembro que se destinou à colocação de uma coroa de flores, pelo primeiro-ministro, no seu túmulo no Mosteiro dos Jerónimos, o concerto “Mares” e um ciclo de 3 conferencias em 2025.
A popularizada descoberta do caminho marítimo para a Índia, que ocorreu entre 1497-1498, por aquele que viria a ser governador e vice-rei da Índia, foi a primeira a unir a Europa à Ásia pelo mar, criando a primeira rota marítima entre os Oceanos Atlântico e Índico, estabelecendo a ligação direta entre o ocidente e o oriente, dando início a uma nova era de globalização, quebrando o domínio de Veneza das rotas comerciais terrestres entre a Europa e a Ásia, que desde a tomada de Constantinopla pelos otomanos limitara o comércio e aumentara os custos, permitindo aceder mais facilmente às riquezas da Índia, sedas, especiarias e pedras preciosas.
A recordação de figuras históricas é um meio poderoso de conectar gerações, de fomentar a unidade nacional, dos cidadãos se sentirem parte de uma tradição nacional mais ampla, transcendendo as barreiras do tempo e espaço. Cícero, no “De oratore” dizia que a “História é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestre da vida, anunciadora dos tempos antigos”.
Mas Vasco da Gama e todos os grandes intérpretes da época áurea dos descobrimentos, mais que nos lembrar o tão grande que fomos, pelo exemplo, aponta-nos o farol para o grande que podemos ser, como portugueses e como nação. O que assume especial relevo quando estamos no início de um novo ano - em que muitos de nós também iniciarão a sua última viagem, mas em que muitos outros a iniciarão - em que a nível pessoal nos propomos as chamadas resoluções do ano novo. Provável é que no final do ano de 2025 repetiremos os desejos sem os ter cumprido na sua maioria durante esse ano. Um estudo, citado pela Cordis / Comissão Europeia, prevê que quase 80% das pessoas que tomam uma resolução de Ano Novo irão abandoná-la até 19 de janeiro.
Para alterar este estado situacional, a intervenção política é decisiva. A generalidade dos indivíduos, por si só, não consegue fazer mudar o país no sentido do seu progresso. Este ano, a nível nacional, teremos eleições autárquicas, logo seguidas da campanha para as eleições presidenciais, que pela sua importância são momentos em que o povo é chamado a tomar opções, que seguramente bulirão com o seu bem-estar.
Assumindo o percurso histórico vivido em democracia, no concelho de Braga, em que o atual edil já não se poderá recandidatar, teremos como novo presidente ou João Rodrigues pelo PSD ou António Braga pelo PS. Se a escolha do primeiro em nada surpreende, pelo iter que vinha desenvolvendo e pela sua atuação como vereador com o pelouro do urbanismo, a do segundo foi inesperada. A opção por um senador do PS local compreende-se pelo seu passado de vereador, presidente da Assembleia Municipal, deputado e governante, assegurando uma solução compromissória que a sede central encontrou para quebrar a disputa entre Pedro Sousa, Hugo Pires e Artur Feio. Mas coloca-o em desvantagem considerando que há mais de dez anos que não se lhe conhece intervenção política de relevo e é desconhecido dos mais jovens, podendo enfrentar uma posição com alguns pontos de contato com o que sucedeu nas últimas eleições para a Junta de freguesia de São Vítor entre Ricardo Silva e Firmino Marques. Certo é que, enquanto João Rodrigues se desdobra em variadas exposições públicas, de António Braga não se conhecem notícias.
A nível de presidenciais, enquanto no PSD tudo caminha para o apoio a Marques Mendes, no PS não se vislumbram decisões. António José Seguro já se prontificou, mas lidera uma linha oposta à do secretário-geral. Santos Silva parece gasto. Gouveia e Melo aspira à presidência, até lidera as sondagens, mas não é fácil vencer contra as máquinas partidárias. Em janeiro de 2026 saberemos quem sucederá a Marcelo
Num mundo em conflito, no plano internacional, os olhos estão todos postos em Donald Trump. O que dele virá, só o próprio sabe.