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Vem, Jesus

1. Vem, Jesus. Vem, uma vez mais, dar-nos a conhecer a verdadeira identidade de Deus: um Pai que nos ama com ternura de mãe. Um Pai que é amor, misericórdia, perdão.

Vem lembrar-nos termos um Pai comum e sermos todos irmãos. 

Vem dizer-nos que o maior mandamento é o do amor a Deus e ao próximo. Amor de que deste testemunho e se manifesta em gestos gratuitos de serviço e de doação. Amor que não exclui os inimigos e reza por quem persegue e calunia.


 

2. Vem dizer que o diálogo é a melhor forma de resolver diferendos ou mal-entendidos. Que a correção fraterna é para ganhar o irmão e não para o humilhar ou afastar. Que é preciso saber perdoar não apenas sete vezes mas sempre.

Vem dizer aos adeptos de soluções violentas que deixem a espada na bainha.


 

3. Vem dizer-nos que não é cristão ficar de braços cruzados face aos problemas e dificuldades dos outros. Que é um escândalo deitar comida ao lixo. Que, se quisermos colocar nas tuas mãos os pães e peixes que temos, tu és capaz de saciar multidões. 


 

4. Vem dizer que preferes a misericórdia ao sacrifício. Que antes de apontarmos para o argueiro que está na vista do outro devemos reparar na  trave que está na nossa. Que a luta contra o pecado não dispensa de amar e respeitar o pecador.


 

5. Vem dizer que se dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Que somos cristãos e cidadãos. Que devemos arranjar tempo para subir ao monte e para descer dele: para falar com Deus e com os homens. Que o trabalhador tem direito a um salário digno. Que se seja fiel aos compromissos assumidos. Que se não separe o que Deus uniu. 

Vem dizer que a tua casa é casa de oração para todos e não espaço para negócios, penduricalhos, espetáculos, exibicionismos.


 

6. Vem lembrar que é imperioso estar ao serviço da vida e não da morte. Proclamar o primado da pessoa e mostrar que a lei é para o homem e não o homem para a lei. Que os leprosos, os coxos, os cegos, os surdos, sendo filhos de Deus como os demais, são credores de uma atenção especial. Que servir idosos e doentes não é arrumá-los num armazém de velharias ou inutilidades chamado lar de terceira idade. Que é indigno de um cristão amordaçar as pessoas ou afastá-las de ti.

Vem ajudar-nos a reconhecer a tua presença nos que têm fome, nos que têm sede, nos desencamisados, nos que vegetam nas prisões ou sofrem nas camas dos hospitais.


 

7. Vem dizer-nos que a autoridade é um serviço a favor da comunidade. Que o maior deve ser servo, pôr o avental e pegar na bacia.

Que é urgente imitar a simplicidade e a humildade das crianças.

Que precisamos de ter um coração limpo.


 

8. Vem dizer aos que se afirmam teus discípulos que não tenham vergonha de o mostrar onde quer que estejam e de assumir atitudes diferentes das dos que se opõem à vivência do Evangelho.  Que não chamem prudência à cobardia. Que te anunciem mais com a vida do que com a palavra em vez de se apregoarem a eles mesmos. Que não metam a lâmpada debaixo da mesa e saibam ser sal e ser luz. Que saibam escolher entre servir Deus ou o dinheiro.


 

9. Vem, Jesus. Precisamos tanto de ti!

Na desorientação em que se vive temos necessidade que nos reveles, uma vez mais, o Caminho a seguir, a Verdade a proclamar, a Vida a viver.

Que este Natal seja oportunidade para melhor assimilarmos e vivermos a tua mensagem.

Que tenhamos a coragem de dizer não ao Natal do consumismo, do exibicionismo, do egoísmo, para vivermos o Natal da solidariedade e da verdadeira fraternidade. Não apenas um dia por ano, mas sempre.

Silva Araújo

Silva Araújo

5 dezembro 2024