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A FALTA DA TOTALIDADE DE PROFESSORES NO INÍCIO DO ANO LECTIVO

Certamente que nos sentimos mais reconfortados, quando ouvimos dizer ao Primeiro Ministro do nosso país, que, no início deste ano lectivo, baixou consideravelmente o número de alunos que não tiveram todos os professores das suas diversas disciplinas. A descida foi considerável, se tivermos em atenção o que aconteceu no ano anterior, em que pontificava o governo do Partido Socialista.


 

Esta referência diz respeito ao ensino público. Compreendemos que seja bastante laborioso para o Ministério da Educação conseguir preencher todas as necessidades de que as numerosíssimas escolas distribuídas pelo país exigem. No entanto, não podemos deixar de lamentar que tais situações sejam crónicas. As consequências da falta de professores, no início do ano escolar, ainda que depois se resolva, são muito gravosas para os alunos, para os seus pais e para as próprias escolas, porque deixam sem nada que fazer um grupo numeroso de jovens, que foram matriculados para ter todas as aulas que as exigências da sua formação escolar requerem. Mais grave ainda, quando a demora, como infelizmente sucede algumas vezes, se alarga. As razões são óbvias. Não vale a pena apontá-las.


 

O problema não é novo. Repete-se, ano após ano, mostrando a incapacidade do nosso Ministério da Educação para solucionar o assunto. Inclusivamente, consta que em alguma situação, felizmente esporádica, algum lugar vago não chegou a ser preenchido, ou só muito tarde, ficando os alunos sem poder frequentar essa disciplina do modo devido, pelo menos nesse ano lectivo.


 

Nestas circunstâncias, parece que o nome do ministério que não conseguiu solucionar a questão devidamente, não pode ser “da Educação”, porque não contribuiu para a formação necessária que o aluno – que não tem culpa de tal procedimento – deve ter. 


 

Inclusivamente, não conseguir que o início do ano escolar tenha todos os meios de educação e ensino que os programas académicos requerem, demonstra uma incapacidade negativa de solucionar e de apoiar todas as questões que ele cria, ao elaborar os programas que devem ser cumpridos.


 

É pena que os promotores do ensino privado não possam ter uma ajuda estatal tão forte como o ensino público, ou, ao menos, compensadora de todos os esforços que fazem para cumprir todas a suas necessidades. Dir-se-ia que o governo desconfia da seriedade ou da capacidade dos promotores, ou que receia que a sua ajuda mais choruda manifeste ainda com uma maior evidente clareza que com essas benesses o ensino que não patrocina consiga resultados muito mais positivos do que aquele que sustenta. 


 

Existe uma ideia nefasta, talvez oriunda dos sistemas políticos onde a liberdade não existe, de que o ensino privado é uma espécie de excrescência proveniente dos meios sociais mais requintados, que não querem, de forma alguma, que os seus descendentes frequentem a mesma escola a que acedem os alunos provenientes da gente humilde. Tal concepção é falsa e encerra em si mesmo um receio de que a iniciativa privada, que em tantos aspectos da vida da sociedade goza de plena liberdade e por isso demonstra a sua capacidade criativa e realizadora, seja um rival do que é sustentado em plenitude pelo respetivo ministério estatal. Esquece-se, por exemplo, que em muitas localidades do nosso país, antes do estado ter inaugurado uma escola pública, (não falo de escolas primárias, mas de estabelecimento de ensino com graus de disciplinas mais elevado), as iniciativas particulares deram a possibilidade a muita gente de prosseguir os seus estudos.


 

Em suma: ficamos satisfeitos com a notícia de que o índice de falta de professores no ensino público diminuiu consideravelmente no princípio deste ano escolar. Mas continua a verificar-se que o Ministério da Educação não consegue garantir a todos os alunos de que é responsável, no começo das suas aulas, um quadro docente completo.


 

Recordo-me de um director dum colégio privado dizer que nunca lhe tinha passado pela cabeça começar o ano lectivo sem todos os professores de que necessitava. E mais: quando algum deles adoecia com demora, logo procurava substituí-lo, para que o ritmo das aulas e da aprendizagem sofresse o menos possível. “Além de que, se eu não tomasse tais cuidados – acrescentava – ficaria sem alunos... Compreende? E esta é uma razão – quer eu queira quer não – que tenho sempre muito presente”.

P. Rui Rosas da Silva

P. Rui Rosas da Silva

4 dezembro 2024