Uma das mais angustiantes interrogações destes tempos é não sabermos, com exata segurança, quem vai ou vão ser os senhores deste mundo. Por um lado, e olhando para o governo de Trump, isto é o capitalismo puro e duro; se olharmos para a China será a ideologia comunista quem tentará diminuir, cada vez mais, o homem perante a prepotência do estado; se olharmos para a Rússia de Putin não nos resta dúvida que será a força das oligarquias que ditarão o que é ou não é. Este triunvirato à moda da velha Roma, com poderes divididos, será o novo regime mundial. Nem a razão , o pensamento, os valores sociais, terão qualquer espécie de força para se imporem a este triunvirato. Saber que a velha Europa, a que deu cultura, conhecimento, ambição e princípios sociais herdados da civilização greco-romana, ficará reduzida a uma verdade que vive da história passada. A Europa, embebida na discussão das soberanias nacionalistas, deixou que estes três blocos tomassem conta do mundo e dos destinos dos seus povos. A África será um continente de escravos com alforria, ora servirão uns, ora outros e, como não foi capaz de se transformar num continente , parece destinada a ser um continente com pessoas servidoras e nunca patrões de si mesmos. A Austrália não criou outra marca para além de gente de serviços, sem aquela dinâmica que fizesse do seu continente uma marca soberana. Na verdade, é isto o que penso e temo-me pela democracia de triunvirato que se vai fazendo da USA, China e Rússia os senhores do mundo porque possuem o grande senhor de todos os restantes: dinheiro, o grande elitista social deste mundo; sem valores humanistas que os contestem, tornar-se-ão uma ditadura. A pessoa será apoucada pelo capitalista americano, escravizada pelo comunista chinês e anulada pela autocracia russa. Não sei se isto é pessimismo ou se um aviso-pressentimento e temor de ser obrigado a ser uma coisa que não quero. No fundo, não encontro em nenhum componente desta tripeça o respeito pela individualidade; vejo, isso sim, o anulamento do individual pelo coletivo. Já sem idade para ser um joguete de outrem, e ainda lembrado de ter sido uma pessoa anquilosada por um sistema governativo forte, arreceio-me dos filhos, netos e bisnetos porque os estamos a formar para a liberdade quando o mundo pode muito vir a ser um mundo de pessoas escravas.