Foi, com certeza, que os meus condiscípulo, a gente de Roussas e tantos outros amigos de outras localidades perderam, neste nosso mundo, um homem afável, um homem bom, um homem simples, um homem alegre, um homem de uma entrega incomensurável à família e ao próximo. Residia na paróquia de Roussas, freguesia que, atualmente, se denomina União das Freguesias de Vila e Roussas, Melgaço. Não foi, por acaso, que no Seminário era conhecido por Nelinho pela sua gentileza, generosidade e pela sua maneira de ser. No final das férias, nunca se esquecia de nós, doando-nos os deliciosos chocolates e caramelos que trazia de Espanha.
Manuel José Rodrigues nasceu em S. Paio, do mesmo concelho da sua residência, no dia 22 de julho de 1953. Após frequentar o 1º ciclo (antiga escola primária), ingressou no Seminário de Nossa Senhora da Conceição de Braga, no ano letivo 1966/67, onde recebeu parte da sua boa formação, frequentando as várias disciplinas, como Religião, Latim, Música, Polifonia, Matemática, Francês, Geografia , Ciências Naturais, Física e Química, Português, Ginástica (Educação Física), Desenho, História e tantos outros ensinamentos que os prefeitos, nas salas de estudo, nos recreios, nas refeições e até nos passeios transmitiam.
O Manuel José Rodrigues foi meu condiscípulo nos quatro anos que eram ministrados no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, tendo saído de livre vontade. Posteriormente, frequentou o Externato Liceal de Melgaço e, mais tarde, o Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, concluindo a sua carreira académica, durante três anos, na Escola do Magistério Primário de Braga.
Lecionou em escolas do 1º ciclo em vários concelhos, sendo o mais afastado o de Gouveia. Outras dezenas de escolas foram os seus locais na docência nos seguintes concelhos: Valença, Arcos de Valdevez, Melgaço, Monção, Viana do Castelo… sendo Melgaço o local em que ele permaneceu mais tempo, sobretudo nos seus últimos anos, aposentando-se no dia 29 de fevereiro de 2020, e, pelas opiniões que colhi, foi um exemplar pedagogo.
Contraiu Matrimónio, no dia 4 de agosto de 1979, com Maria da Conceição Gonçalves, de Roussas, onde passou a residir, unidos e muito amigos, enquanto Deus lhe deu vida e continuará, na eternidade, a ter em conta todos os que conviveram com ele, a sua esposa, a sua filha Sara, o seu genro Daniel, a sua neta Mariana e tantos outros.
Segundo o seu genro Daniel, que me forneceu alguns destes dados, foi um excelente marido, um excelente pai, um excelente avô e um excelente companheiro. Foi sempre notório o afeto que o meio social nutria por ele, pois foi sempre querido pelo seu “feitio peculiar, carinhoso, humilde e afável, sendo, sem dúvida, um melgacense querido” dentro e fora do seu concelho nato. Um grande exemplo a seguir e, com certeza, que Deus já o acolheu no Seu ”REGAÇO”.
Quero, ainda, acrescentar à sua biografia a sua carreira militar que cumpriu com elevada dignidade, prestando serviço em Portugal Continental nos quartéis de Caldas da Rainha, Tavira e Santa Margarida, partindo, a seguir, para o Ultramar, Angola, onde passou a dispor da graduação de Furriel.
Foi, ainda, Secretário da Assembleia de Freguesia de Roussas entre 1998 e 2003.
Termino dizendo, tive sempre, desde o Seminário, uma grande amizade e carinho para com ele, sendo, para mim, um condiscípulo que jamais esquecerei, inclusive, nas minhas orações. Um fruto que no Seminário foi bem amadurecido com exemplar cuidado e que, como leigo, nunca descurou a sua conduta de fé. Teve na sua terra grandes exemplos, salientando-se o pároco de então, padre Carlos Vaz, e seus irmãos cónego António Luís Vaz e padre Júlio Vaz, que ambos foram professores do Seminário de Nossa Senhora da Conceição. Salienta-se ainda o cónego Doutor José Marques. Todos eles já faleceram. Aos cónegos António Vaz e José Marques foi feita homenagem em 20 de agosto 2024, dedicando-lhes uma Praça, denominada «Praça dos Cónegos», junto à Igreja e uma escultura com a efígie dos dois, obra de um conterrâneo a residir em Oeiras. Dois outros sacerdotes naturais de Roussas, os padres Carlos Nuno Vaz e Júlio Vaz, responsáveis e dinamizadores do jornal - A Voz de Melgaço - também terão servido, com certeza, de exemplo para o Manuel Rodrigues, continuando eles a fazer um ótimo trabalho na Igreja da Senhora-a-Branca, em Braga, como Capelão, o primeiro; como maestro e ensaiador do grupo coral, o padre Júlio.
O amigo Salvador Sousa