Porque frequentemente damos mais atenção, no nosso dia-a-dia, aos factos badalados e atraentes e esquecemos ou passamos ao lado dos pouco visíveis e demasiado banais, resolvi trazer a estas crónicas semanais, sempre que oportuno, os Apanhados que resultam de observações e constatações eventuais em espaços públicos; e na esperança de que este meu modesto contributo sirva, tão-só, para alertar e consciencializar os cidadãos menos atentos e mais distraídos para a vivência e funcionamento da sua cidade.
E dada a minha paixão pedestrianista, caraterizada por longas e constantes caminhadas por esta nossa augusta cidade e arredores, matéria encontro de sobra e sempre à mão para redigir os necessários; e na intenção de que eles cheguem e sejam bem compreendidos e aceites por quem de direito para que se tomem as desejadas e necessárias medidas de reposição da ordem e da verdade, mesmo que fiscalizando e penalizando.
Pois bem, vamos, então, a mais um Apanhado que tem a ver com o trânsito automóvel e as consequências resultantes da má condução e grave inconsciência de muitos condutores; e seja porque não conduzem cumprindo as regras definidas no Código da Estrada, seja porque, pura e simplesmente as ignoram.
É o caso, por exemplo, que acontece com frequência na Avenida 31 de janeiro (antiga Avenida Salazar) a mais extensa e apetitosa para os fângios do volante; como, igualmente, na Rodovia (desde o início da Avenida Imaculada Conceição, em Maximinos, até ao final da Avenida João Paulo II, na rotunda da Universidade) e na rua Cidade do Porto, desde a rotunda Santos da Cunha até ao apeadeiro ferroviário em Ferreiros.
Assim, na Avenida 31 de Janeiro há automobilistas que, quando o volume de tráfego consente, porque é pouco, circulam a 80 a 90 quilómetros, aproveitando a onda verde dos semáforos, não se preocupando com os dois cruzamentos existentes (ruas Professor Machado Vilela e Doutor Francisco Duarte) na via sem semáforos, mas com passadeiras; e então, já tenho visto peões que tentam atravessar nas ditas passadeiras, mas não o conseguindo com o natural receio de serem mortalmente atropelados e, até, parecendo anedota, vi um peão a aproximar-se de uma das passadeiras com o guarda-chuva no ar para se fazer bem notada e, assim, obrigar o fângio a dar-lhe a justa e segura passagem.
Depois, na Rodovia, há zonas onde muitos fângios circulam a grande velocidade nos semáforos amarelos e, até os há que não respeitam o vermelho que já caiu; já assisti a situações arrepiantes, tendo mesmo sido presença numa delas, de automobilistas que entram na Rodovia já com o semáforo vermelho, vindo mormente das ruas da Restauração e Bernardo Sequeira, em S.Vítor e por uma unha negra não têm acontecido autênticas desgraças.
Finalmente em toda a rua Cidade do Porto é frequente haver automobilistas que, devido a paragens dos transportes públicos na faixa de rodagem por falta de espaço próprio, não aguentam um ou dois minutos de espera e avançam pelas raias na maior das impunidades; e, pior ainda, há-os que se dão ao luxo de inverter a marcha, quer subindo, quer descendo a dita rua passando as linhas duplas contínuas aí existentes.
Ora, faz falta, imensa falta o uso de radares nestas zonas de frequentes infrações graves ou muito graves, pois com estes abusos expõem o trânsito a riscos frequentes de situações de mortes e de mutilações graves nos condutores que, na sua condução rigorosamente correta, circulam nessas vias diariamente; e esta medida é simples, barata e dá milhares de euros aos cofres do Estado ou da Autarquia Municipal; ademais, estes fângios do volante precisam urgentemente de quem lhes aplique duramente a lei e, se possível, os mande para o xelindró, a Bem da Nação e de todos nós.
Então, até de hoje a oito.