Contrariando as sábias e inteligentes opiniões da maioria esmagadora dos jornalistas e do comentariado nacional, Trump, o perigo potencial do estado democrático mundial, venceu categoricamente Kamala Harris, a vice-presidente de Joe Biden e líder do partido Democrático.
1 - A vitória de Trump esteve sempre em causa. Nem era bom pensar tal coisa. Ou seja: sair vitorioso. Só que a democracia prega umas boas partidas aos profetas das desgraças e das vitórias antecipadas. E também a todos os arautos das grandes causas e das opiniões feitas.
Como a democracia funciona com os votos em urna e não com estados de alma, aí estão, bem visíveis e contundentes, os resultados para os opinadores e comentaristas reflectirem ou engolirem a imparcialidade e a isenção. Os resultados verificados, para a Presidência, para o Congresso e para o Senado foram tão esmagadores que não deixam margem para dúvidas.
2 - Contudo, nesta eleição, vivida incompreensivelmente com tanta ênfase em Portugal, o que estaria em causa era opinar e perceber o perigo que representava para a vitalidade e para a própria existência da democracia, se este personagem “rude e populista” ganhasse. Os cenários pintados a negro por um jornalismo manietado ideologicamente, cegueta na abordagem e irresponsável na acção representavam cenas malévolas, até terríveis para um mundo (Europa) que anda, isso sim, enfeitado com fantasias de bem-estar, de paz e de progresso. Os comentários generalizados avançados pelos experts perpassavam a ideia que, se o “Bicho” ganhasse, isso dever-se-ia ao facto do povo americano ser meio-burro e ignorante, quando, na verdade, se trata, por acaso, do país mais poderoso, democrático e desenvolvido do mundo. Ouviram-se tantos disparates a este respeito que consertá-los deve dar uma angustiante azia a quem vaticinou o pior dos desenlaces.
3 - Há gente sabichona neste país, que se julga com peso político-social capaz de virar casacas, tal é a certeza que tem destes relacionamentos internacionais. Mas, no fundo, o abundante comentariado que perfila nos écrans precisa de umas boas aulas básicas de democracia. Não sei mesmo o que anda nessas cabeças para se acharem os donos do pensamento luso. A verdade é que engoliram a bolha do progressismo e recusam-se compreender que a eleição de Trump veio acordar uma Europa adormecida por balelas de esquerdismo e de wokeismo, evidências que se podem vislumbrar no horizonte de uma sociedade em desnorte.
4 - A Europa, em matéria de Defesa, não pode continuar a viver somente à custa do dinheiro do Tio Sam. A NATO, para assegurar a paz no Mundo Ocidental, pelo menos, exige recursos financeiros de monta que terão que ser suportados por todos os países membros. Este investimento requer um esforço para Portugal de seis mil milhões de euros ou até um pouco mais por ano que fará muita falta na manutenção equilibrada e abrangente do Estado Social.
As contribuições forçadas para a NATO obrigarão o governo nacional a repensar com rigor a sua estratégia económica e financeira para fazer face a esta grande despesa pública suplementar. Ou seja, terá que aumentar os impostos? Cortar nas “gorduras” do Estado? Criar condições para maior produtividade? Fazer investimentos pensados e reprodutivos? Uma coisa, contudo, me parece certa: o país terá que crescer na maturidade e na responsabilidade para ser um país credível, mais eficiente e com futuro.