Se há época do ano em que o consumismo dispara é esta. E até final do ano vai ser sempre a acelerar. Para já, estamos em período de Black Friday. Depois, vem o Natal, com as trocas de prendas, a ceia e o almoço de Natal, que envolvem sempre também um considerável aumento do orçamento destinado a tornar o período inesquecível e depois, para terminar, temos a passagem de ano, aqui agora mais virada para viagens para locais em que a mudança de ano é motivo para grandes celebrações de boas-vindas ao novo ano que chega, como ocorre entre nós, por exemplo, com a Madeira.
Mas porquê Black Friday? Porquê esta designação, qual a origem da expressão?
Há quem associe a origem da expressão à escravatura nos Estados Unidos da América. Havia um dia no ano em que os escravos negros (daí o black) eram colocados à venda com um desconto e esse dia era a última sexta-feira do mês de novembro.
Já para outros, a expressão teve a sua formulação inicial num crash da bolsa de valores de Wall Street ocorrido em 24 de setembro de 1869, ficando esse dia conhecido como a sexta-feira negra (Black Friday).
Haverá se calhar ainda outras explicações, umas mais rebuscadas que outras. Contudo, a versão que colhe mais adeptos prende-se com a cidade de Filadélfia e uma conjunção de eventos. Assim, no sábado a seguir ao feriado do Dia de Ação de Graças (que se celebra na quarta quinta-feira do mês de novembro) realizava-se um jogo de futebol americano entre as seleções do Exército e da Marinha norte-americana. Havia assim um grande afluxo de pessoas a Filadélfia que aproveitavam o feriado e o jogo, fazendo uma espécie de ponte. Então, a sexta-feira entre o feriado e o jogo de futebol eram dedicados a compras, o que gerava um ambiente caótico no centro da cidade, com imenso trânsito, pessoas a acotovelarem-se nas ruas e nos grandes armazéns. Percebendo a oportunidade, muitos lojistas procuravam atrair as pessoas para os seus estabelecimentos e passaram a publicitar promoções específicas para esse dia. Perante aquele caos temporário, a Polícia da cidade passou a designar o dia como a “Black Friday”, já que tinham de gerir toda a confusão, trânsito descomunal e conflitos que a aglomeração de pessoas normalmente comporta.
Finalmente, os próprios meios de comunicação social, jornais e TV passaram a usar a expressão para se referir à situação de Filadélfia naqueles dias. Logicamente, esta tradição rapidamente se estendeu a Nova Iorque e às demais cidades norte-americanas.
A partir da viragem do século XX, a globalização fez o resto e a Black Friday saíu do seu casulo norte-americano e passou a fazer parte das práticas comerciais um pouco por todo o mundo. O marketing das empresas logicamente aproveitou este gatilho promocional para incentivar as pessoas a comprar.
Em Portugal não foi diferente e apercebemo-nos de que grande parte do mês de novembro é dedicado a iniciativas promocionais das empresas sob o signo da Black Friday.
Debaixo desta febre consumista em que parece que quem não aproveita as pechinchas que se anunciam é porque é parvo, há que saber distinguir o trigo do joio e estar atento. Assim impõem-se algumas questões: Preciso mesmo disto? Trata-se mesmo de uma promoção? São as perguntas básicas que devemos fazer antes de entrar numa loja e comprar.