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Em memória da Aurorinha

Um poeta e filósofo francês, dos finais do século XIX e início do século XX, disse-nos que a esperança é a âncora da alma. Que à esperança corresponde o desejo de felicidade colocado por Deus no coração do Homem. Esta virtude leva-nos a depositar a nossa confiança nas promessas de Jesus Cristo e não nas nossas próprias forças. A esperança alivia e protege-nos contra o desânimo, sustenta-nos na perda e na dor, dilatando o nosso coração na expetativa da certeza da bem-aventurança da vida eterna.

Meditando neste mês de Novembro, mês das almas, quase todos nós perdemos alguém do nosso convívio, avós, pais, maridos ou esposas, irmãos, tios, primos ou amigos. Quem vive e age, não apenas limitado pela razão da matéria ou do empirismo, reza por aqueles que, fisicamente, nos deixaram, que nos são próximos, amamos e continuamos a amar. É com enorme dor que a Aurorinha, Ró para a família, inesperada e relativamente cedo nos deixou. Perante uma doença galopante os cuidados da ciência médica, a presença, o carinho e o amor dos familiares foram uma constante. Toda a família, nomeadamente os seus irmãos, pediram e rezaram a Deus pelas melhoras e saúde da Aurorinha, mesmo quando em agonia, para que vivesse mais anos entre nós. Mas Jesus Cristo, Deus feito Homem, na Sua oração, mais bela e significativa, o Pai Nosso, diz-nos “… seja feita a vossa Vontade assim na terra como no céu. “ e a Aurorinha, fisicamente, partiu deste nosso espaço e tempo, conforme os insondáveis planos de Deus. As suas últimas palavras que me dirigiu, muito pouco tempo antes de nos deixar, foram “até à próxima”. Como Ser e mulher de fé, estas palavras de bondade, serenidade e paz concebo-as como uma bênção. Até à próxima querida irmã Aurorinha. “Próxima” que, não obstante a era digital deste nosso tempo, não obstante as ondas artesianas ou eletromagnéticas que em todos os lados nos envolvem e que, apesar de conhecermos parte da sua finalidade, não conhecemos a sua real essência. Que apesar de toda a evolução científica dos nossos dias, como a inteligência artificial, nenhuma máquina, nenhum ser à face da terra, nenhum ser Humano sabe, verdadeiramente, qual será, nesta dimensão, o seu dia e a sua hora.

Mas, sendo a esperança, como o poeta e filósofo nos disse, a “âncora da alma” que nós acreditamos com fé, com humildade e com compaixão, a “próxima” será sempre e é uma certeza que temos e que nos transcende. 

Sim, Aurorinha, com Deus, já fora do tempo, lá nos encontraremos no acampamento eterno. Até sempre. Um beijinho do irmão, Abel de Freitas Amorim

Abel de Freitas Amorim

Abel de Freitas Amorim

21 novembro 2024