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Eu tenho uma utopia

Nota introdutória.

1. Mal tinha acabado de escrever este título, e eis que a minha cara-metade, mais atenta que eu aos conteúdos do Diário do Minho, aqui pelo computador passou e me inquiriu sobre se me propunha abordar o “Festival Literário de Utopia” (segunda edição) de 15 a 24 de Novembro [2024]. Habitualmente, do muito que vejo do jornal, pouco/pouquíssimo me detenho para o ler com atenção. E retorqui: “Nem por sombras; tenho o pensamento a milhas desse assunto.” 

2. Não vai há muito que me veio à ideia o célebre discurso do negro norte-americano Martin Luther King, proclamado em 1963 em Washington e intitulado “I HAVE A DREAM”. Dele tive conhecimento há mais de cinquenta anos, por um manual escolar de Inglês, com três ou quatro breves excertos, de que destaco a seguinte passagem. “I have a dream Today … I have a Dream that one day every valley shall be made high, every hill and mountain shall be made low” (Tenho um sonho Hoje ... Tenho um Sonho que um dia cada vale se tornará alto, cada monte e montanha se tornará baixo) [Martin Luther King Jr., 1929-1968 assassinado, activista que lutou contra a discriminação racial]. O seu “Sonho”, i. e. o seu “Dream”, não terá passado de uma utopia.


 

Pois bem, eu também tenho uma utopia, a minha utopia. Sou uma pessoa que já “setentou“, e que tem vivido sempre neste país que se diz navegar em liberdade. Ora, eu permito-me dizer que serei um daqueles que preferem afirmar que vivemos em libertinagem. Com nuances, desde a “Revolução dos cravos” que tal parece acontecer. “Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. A minha utopia faz-me crer no “nunca”!

«Uma revolução sem sangue num dos países mais pobres da Europa? A notícia do 25 de Abril de 1974 em Portugal fascinou muitos jovens noutros países europeus. Um destes jovens foi o alemão Thomas Fischer, que quis saborear de perto essa revolução festiva. E por cá ficou até hoje. 

Este livro, passados 50 anos da Revolução dos Cravos, conta o que, na sua perspectiva, correu bem e mal. É uma partilha de ilusões e desilusões de quem acredita que o país poderia estar muito melhor se aproveitasse os seus recursos e se soubesse motivar a sua gente.» [Sinopse de ENTRE CRAVOS E CARDOS, de Thomas Fischer] 

Por exemplo, os partidos políticos nascem como cogumelos a esmo, sendo que quaisquer sete mil e quinhentas assinaturas são suficientes para fundar um. E depois os ditos cujos passam a viver a expensas dos dinheiros públicos. E aquele mais que reduzido número dos que alcançam sentar-se nas bancadas da Assembleia da República fala “em nome do povo português”. Isto, quer tenha um, dois, três deputados, ou cinquenta ou setenta.

Pondo de parte muita “roupa suja, cuja lavagem deixaria as respectivas águas turvadas”, termino estas linhas com uma referência às mais actuais situações. A principal força da oposição tem passado muito do seu tempo a atacar muitos membros do Executivo, assacando-lhes as mais diversas culpas dos ”mais que muitos erros ou fracassos que vão surgindo. O Governo, por sua vez, sacode a água do capote e atira as culpas para o(s) governo(s) anterior(es). 

O O. G. E. foi aprovado na generalidade graças à abstenção do P. S. No entanto foram apresentadas mais de duas mil propostas de alteração na especialidade.

Bernardino Luís Costa

Bernardino Luís Costa

20 novembro 2024