Não tarda nada e estamos no Natal. Este é um período do ano em que aumenta significativamente o consumo das famílias. Aqui mesmo à porta temos já a Black Friday (BF), mais uma importação americana que se comemora no dia a seguir ao Dia de Ação de Graças, este ano será a 29 de novembro. Daí até ao Natal é um instante.
A BF surge associada a compras 3B (bom, bonito e barato), mas não é sempre assim. Quem pensa que os preços anunciados em promoção nesta altura correspondem necessariamente a excelentes oportunidades pode estar completamente enganado e enfiar um “barrete”.
Convém fazer o trabalho de casa e este consiste essencialmente em, desde logo, não comprar por impulso na BF. Se entrar numa loja e der de caras com um produto com um cartaz com um preço aparentemente baixo, primeiro pense se precisa mesmo daquilo. Na verdade, se não precisar acaba por estar a deitar dinheiro fora numa coisa que não vai utilizar.
Depois, um preço mesmo muito baixo pode corresponder a um bem com algum tipo de defeito, ou que foi devolvido por um consumidor, ou ainda a um bem que está a ser descontinuado. Mas, atenção que um bem vendido como recondicionado pode ser uma excelente opção e possui exatamente os mesmos direitos em termos de garantia que um produto completamente novo, o mesmo acontecendo com os bens em fim de linha (descontinuados).
Guarde sempre a fatura da compra e conheça bem as condições contratuais para aquele produto. Não se esqueça de que, embora no comércio eletrónico (online) exista um prazo de 14 dias para resolver o contrato e devolver o bem sem qualquer necessidade de justificação (também conhecido por direito de retratação ou arrependimento) este direito não existe no comércio em loja física (off-line), ou seja numa compra efetuada presencialmente em loja. Os estabelecimentos comerciais podem ter uma política de devoluções ou trocas, mas esta deve ser bem conhecida pelos consumidores antes de efetuar a compra. Então não posso devolver ou pedir a troca nunca? Sim, pode, caso o produto tenha defeito.
Por falar em comércio online, o comércio eletrónico ainda apresenta muitas fragilidades, especialmente em termos de segurança para os consumidores. Existem muitas situações de fraude e se, por exemplo, comprar no OLX ou numa plataforma semelhante, poderá não estar a comprar um produto novo, nem estar a comprar a um comerciante e, nestes casos não ter os mesmos direitos em termos de garantias que a compra efetuada junto de um estabelecimento comercial. Procure ainda certificar-se quem suporta as despesas de envio e se estas justificam a diferença da compra em loja física. Para além dos riscos com o transporte (possibilidade de danos no bem), que acarretam sempre chatices, estas despesas que variam consoante o peso e a dimensão dos bens transportados podem não justificar a transação. Tenha atenção ainda relativamente à colocação dos seus dados pessoais em redes públicas suportadas por wi-fi, ou responder a emails de origem duvidosa, bem como proteger bem os dados dos seus cartões de crédito.
Finalmente, convém perceber se os preços anunciados na BF correspondem de facto ao preço mais baixo a que aquele produto já foi anunciado para venda. Para isso é importante monitorizar os preços e comprovar que não houve alturas do ano em que aquele bem já esteve anunciado a um preço mais baixo. Nesta altura do ano, por exemplo, os preços de eletrodomésticos e tecnologia têm tendência para subir, sendo o Verão normalmente a época do ano em que estão mais acessíveis.
Caso algo corra mal com as compras não se esqueça que pode sempre recorrer ao Tribunal de Consumo (www.ciab.pt).