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Na escola a cativar e ensinar o (outro) ABC

Há memórias que não nos abandonam – até pela companhia - por muito que os anos passem. No meu caso, volto frequentemente a 2008, quando juntamente com um geresiano e amigo de longa data, Fernando Santos Silva, fomos convidados pelo - à época - vice-presidente do departamento de marketing do SC Braga, a “acordar” o adepto bracarense que potencialmente existia em muitas crianças e jovens da região. Levando às escolas, nomes como: João Vieira Pinto, César Peixoto, Rafa, Rubens (Amorim e Micael), Tiago Sá, Hugo Viana, Alan, Wender, Eduardo, Bruno Gama - entre muitos outros - fez-se a delícia dos estudantes de diferentes níveis de ensino. Estes começaram a perceber que não havia motivos para serem adeptos de clubes de outras regiões que não lhes transmitiam este tipo de alegrias. O reconhecimento mútuo da importância que todos poderiam ter para o crescimento desportivo e associativo da nossa região, levou a que muitos aderissem à causa bracarense. O porquê desta lembrança?

Iniciamos no ano passado e recomeçamos esta semana um périplo semelhante ao realizado com o SCB pelas escolas do concelho, com um outro baluarte do desporto bracarense – o ABC. Também pelo facto do Estádio 1º de Maio ter deixado de ser a casa do SCB, a frequência do pavilhão Flávio Sá Leite foi decrescendo e as centenas de adeptos e jovens que enchiam as bancadas na década de 90, e no início deste século, foram-se afastando progressivamente do clube e do andebol. Queremos voltar a encher o pavilhão, antes de mais, com crianças e jovens que queiram praticar a modalidade, proporcionando-lhes um espaço de ensino-aprendizagem e crescimento humano, estruturado e assente em valores que no dia a dia, vêm sendo perdidos, mas que são inerentes ao desporto em geral e ao andebol em particular, tais como: a perseverança, a solidariedade, o empenho, o respeito, a cooperação, o apelo à inteligência (entendida como a capacidade de adaptação a novas situações), o trabalho em equipa a aquisição de competências motoras e o cumprimento de regras.

A Instituição ABC, enquanto aguarda o cumprimento da promessa de uma nova casa, e fazendo jus ao nome, vai aos locais onde o abecedário se aprende - escolas - mostrar às crianças e jovens da cidade que há um clube disponível para os receber e onde podem dar os primeiros passos na prática de uma modalidade de sucesso no nosso país. As crianças, habituadas a ver atletas só na TV, entusiasmam-se com a sua presença e sentem-se felizes ao “jogar um pouco” com eles, mostrando-lhes as suas habilidades, pois no decurso da visita também se organizam minijogos em que estes participam, e criam-se exercícios para os jovens sentirem o sucesso.

Em escolas com alunos de vinte ou mais nacionalidades - a atualidade, em Braga - há crianças para quem estas visitas podem ser o despertar para uma realidade e/ou modalidade desconhecida ou que no seu país de origem, até era das mais praticadas. Estas visitas são, obviamente, para continuar em escolas da cidade e arredores, assim os seus alunos e professores o pretendam, dando sentido às frases que continuar a ecoar no Flávio Sá Leite: “o ABC somos todos nós” e “assim se vê a força do ABC”.

Carlos Mangas

Carlos Mangas

15 novembro 2024