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Ser amigos dos pobres

1. Celebra-se em 17 de novembro o VIII Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco na Carta Apostólica Misericordia et Misera, emitida em 20 de novembro de 2016 para comemorar o fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Celebra-se desde o ano de 2017 no 33.º domingo do Tempo Comum.

A mensagem do Papa para o de este ano tem por tema «A oração do pobre eleva-se até Deus» (cf. Sir 21, 5). Nela se afirma que, em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo o exemplo de Jesus e, mais perto de nós, os exemplos de Madre Teresa de Calcutá e de Bento Labre. 


 

2. O Dia Mundial dos Pobres, escreve o Papa, «tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial. 

É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. 

É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados. Devemos agradecer ao Senhor pelas pessoas que se disponibilizam para escutar e apoiar os mais pobres: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos que, com o seu testemunho, são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem». 

O Dia Mundial é um despertador a alertar a nossa consciência para a realidade que é a existência dos pobres. Dos pobres de ao pé da porta e não só. «A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes»!

Mostra que «os pobres têm ainda muito para ensinar, porque numa cultura que colocou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muitas vezes a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa».


 

3. A existência dos pobres é um forte abanão no nosso comodismo e na nossa indiferença. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo».


 

4. O Papa relaciona a oração com a prática da caridade. «A oração, escreve, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26)». 

«Contudo, e cita Bento XVI, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota. ‘Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo’. Devemos evitar esta tentação e estar sempre vigilantes com a força e a perseverança que nos vem do Espírito Santo, que é dador de vida».


 

5. A pensar no Ano Santo que se aproxima o Papa exorta todos a «fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor». 

«Não nos esqueçamos, recomenda, de guardar ‘os pequenos detalhes do amor’: parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto... Estes gestos não podem ser improvisados; antes, exigem uma fidelidade quotidiana, muitas vezes escondida e silenciosa, mas fortalecida pela oração». 

«Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito de tantos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para a acolher como um dom precioso, estendemos as mãos, ao mesmo tempo que nos esforçamos por costurá-la no dia-a-dia».

Silva Araújo

Silva Araújo

14 novembro 2024