O artigo anterior tinha um título arriscado, quando abordava a despedida de Amorim na Pedreira, onde era suposto passar um mau bocado e de lá sair por uma porta menor. Se a primeira premissa foi cumprida, uma vez que ao intervalo o Sporting perdia por uns invulgares 2x0, a segunda não foi e Amorim descobriu a porta maior do estádio bracarense para sair, rumo a Manchester, dado que conseguiu um triunfo complicado, que os números iludem, ainda que sejam estes a ficar nos registos.
O SC Braga vive dias em que as coisas não saem a preceito, como acontece em algumas fases em todos os clubes. Exemplo disto mesmo é o jogo disputado no relvado sintético dos suecos do Elfsborg, debaixo de um nevoeiro cerrado que recomendava o seu adiamento, o que não aconteceu. Os brácaros deixaram dois pontos em terras nórdicas de modo inglório, uma vez que chegaram à vantagem e depois, no meio do nevoeiro, não viram o suficiente para evitar o golo do imerecido empate final. O técnico arsenalista montou uma estratégia diferente, com três defesas centrais e dois alas bastante ofensivos, ficando Roger na direita e Gabri Martinez na esquerda e o resultado parecia bastante positivo a avaliar pela parte inicial realizada, onde foram conseguidas diversas chances de golo. Porém, o decurso do tempo trouxe um filme já repetido de uma queda gradual de rendimento e de uma concentração menor, que proporcionam sempre o aparecimento de oportunidades aos rivais. Uma vez mais o golo nefasto foi sofrido nos minutos finais e pouco tempo havia para corrigir o desfecho.
A noite de domingo tinha uma Pedreira engalanada para a receção do SC Braga ao Sporting CP, que tem demonstrado uma superioridade interna a todos os níveis notável. Os arsenalistas chegavam a este duelo com menos dois dias de descanso e uma viagem desde a Suécia, em comparação com os leões, pelo que era previsível que o cansaço fosse aumentando e o desgaste mental fosse surgindo. Cientes disso, os Gverreiros do Minho entraram fortes na partida e ao intervalo venciam com dois golos do Capitão Ricardo Horta, sem qualquer resposta do lado oposto. Faltava a segunda parte e meio jogo para este leão motivado é muito tempo, mesmo que a montanha a escalar seja complicada. E assim aconteceu, com três golos do leão a surgirem nos últimos minutos, onde existem culpas a repartir por vários elementos, sem esquecer que a segurança do coletivo começou a abrir brechas que os lisboetas aproveitaram.
O técnico Carlos Carvalhal sabia de antemão que o desgaste iria surgir e que isso na parte final poderia ser decisivo, pois ele próprio tinha alertado para esse facto. Contudo, a forma como foi mexendo na equipa não pareceu a mais feliz, porque a zona nevrálgica do meio campo deveria ser refrescada atempadamente, de modo a evitar o aparecimento de espaços para remates, especialmente de fora da área porque em jogo corrido os leões não conseguiam criar perigo. Também o guarda-redes Matheus esteve distante das noites em que se erguia como uma muralha que guardava o tesouro. E assim, com o guião construído, a Pedreira passou da frescura à amargura, onde a irrepreensível primeira parte foi substituída pela fadiga da segunda, com as consequências já descritas.
Agora é preciso olhar para esta pausa e preparar nova fase positiva que seja capaz de corrigir os erros observados, para permitir o regresso aos trilhos do sucesso efetivo e duradouro.