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Pensar Braga – Rumo a uma Cidade do Futuro

Pensar Braga. Imaginar o futuro desta cidade singular, onde a tradição e a modernidade coexistem num equilíbrio sempre dinâmico, nunca estático. Braga é o resultado de séculos de história, mas, também, o reflexo de uma ambição contemporânea que não teme as exigências do tempo actual. E, hoje, essa ambição tem de reflectir uma visão sustentável, ecológica, verde, mas progressista, que valorize o crescimento económico, sem colocar em causa a qualidade de vida dos seus habitantes, o respeito pelo meio ambiente, e a promoção de uma inclusão real e humanista.

Assim, de forma a que o futuro de Braga seja digno do seu passado, é necessário um exercício profundo de criatividade, responsabilidade, mas, sobretudo, de coragem, em que a inovação e a sensibilidade social se exprimem com igual intensidade.

A mobilidade, esse tema incontornável das cidades modernas, não pode ser tratada como uma mera questão de transporte. Em Braga, urge um novo paradigma, em que a (i)mobilidade - ou melhor, o caos absoluto em que a actual Câmara Municipal lançou a cidade - represente, igualmente, sustentabilidade, acessibilidade e bem-estar.

Devemos imaginar ruas onde as bicicletas convivem com os peões e o transporte público seja uma alternativa de excelência – gratuita e neutra em carbono – capaz de seduzir qualquer habitante ou visitante. Braga tem de aprender (e não, necessariamente, de replicar) com o exemplo de cidades como Copenhaga ou Amesterdão, em que a prioridade aos modos suaves de transporte e aos espaços verdes urbanos não é um mero detalhe, mas o eixo central de uma filosofia urbana que visa reduzir a poluição e proporcionar uma urbe cada vez mais saudável e inclusiva.

Este é, apenas, o primeiro passo. O verdadeiro progresso reside numa economia que não só gera riqueza, mas a distribui de forma justa, e cujos alicerces estejam ancorados na inovação responsável. A economia de Braga deve preparar-se para liderar nas áreas da tecnologia limpa, da economia circular e da inovação digital, com a criação de centros de investigação e desenvolvimento que atraiam empresas e talentos de todo o mundo. 

Imagine-se, por exemplo, um hub criativo ambicioso, situado numa área industrial de ponta, servida de 5G e serviços partilhados de última geração, que possa acolher e estimular o florescimento e o amadurecimento de startups e empreendedores, promovendo sinergias entre criatividade, inovação e tecnologia, numa relação de colaboração simbiótica entre os empreendedores, os centros de conhecimento (Universidade do Minho, Universidade Católica, Laboratório Internacional de Nanotecnologia [INL] e o tecido empresarial e industrial de grande dinamismo que já temos instalado no Concelho, num espaço que, ao mesmo tempo, respire modernidade e respeito pela tradição.

Mas uma cidade não se constrói só com base em infra-estruturas e projectos económicos.

A verdadeira transformação de Braga passa pelas pessoas e pela forma como se relacionam com o espaço urbano, com um espaço urbano cuidado, preservado, e dele se sentem parte integrante.

Uma cidade inclusiva é aquela que oferece habitação acessível, educação de qualidade, e uma vida cultural vibrante.

Em Braga, devemos inspirar-nos no modelo de Viena, onde a habitação social é tratada como um bem público fundamental. É necessário que Braga possa, tal como fez no passado com uma política de solos única no país, garantir, em particular aos mais jovens, o acesso a uma habitação digna, que favoreça a igualdade e a coesão social.

Por outro lado, a cultura e a educação não podem, como até aqui, ser negligenciadas. 

Braga, cidade de juventude, de estudantes e de talento, tem de investir em infraestruturas culturais de proximidade, em espaços de partilha e de formação, onde todos, independentemente da sua condição, possam usufruir e aprender.

É imperioso que o acesso a cultura e a educação de excelência seja uma realidade democrática, que permita a todos os Bracarenses, a todos sem excepção, afirmar todo o seu potencial e, assim, enriquecer a sua comunidade.

Em última análise, o futuro de Braga não se pode limitar a uma série de metas políticas ou económicas. Este futuro será o reflexo de uma visão maior, de uma ambição que combina a inovação com a memória, o progresso com o respeito, o crescimento com a humanidade.

Pela sua história e património bimilenar, esta cidade, que é já um ícone de tradição, tem tudo para se afirmar como um exemplo de dinamismo, sustentabilidade, inclusão e modernidade na Península Ibérica e, a breve trecho, ser a capital do Norte, ultrapassando o Porto.

Pedro Sousa

Pedro Sousa

6 novembro 2024