Inovar em saúde vai muito além do desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos. Estende-se, de forma essencial, à gestão de serviços, onde o impacto pode ser igualmente transformador.
Melhorar a eficiência operacional, reduzir tempos de espera, otimizar a gestão de recursos humanos e criar modelos de cuidados integrados são estratégias que podem transformar a experiência do paciente e, ao mesmo tempo, reduzir substancialmente os custos.
Inovar na gestão de serviços de saúde não só contribui para um sistema mais ágil e sustentável, como também promove um atendimento mais centrado no paciente, impulsionando uma verdadeira melhoria na qualidade dos cuidados de saúde.
Como exemplo positivo, destacamos o modelo de serviço denominado de "Alta Centralizada" implementado pelo Hospital de Braga, que visa melhorar a gestão das altas hospitalares e o acompanhamento dos doentes após a sua saída do internamento, garantindo uma transição mais suave e segura dos cuidados dentro do hospital para o acompanhamento na comunidade.
Tal como o nome indica, este processo, ao centralizar a gestão das altas de doentes internados, organizando-a num mesmo local e coordenando todo o processo de transição dos cuidados hospitalares - enquanto esperam pelos seus cuidadores, para o domicílio ou para outras instituições de cuidados de saúde-, assegura um seguimento ativo e a continuidade da prestação de cuidados até à saída do hospital. Tal permite diminuir o risco de descompensações clínicas e erros médicos após a alta, como também a interrupção inadequada de medicação ou a falta de acompanhamento em tempo útil.
Mas as suas vantagens não esgotam aqui, porquanto permite ainda otimizar os recursos hospitalares pois através de uma gestão mais eficiente das altas, o hospital pode libertar camas e agilizar o atendimento de novos doentes, melhorando a rotação de camas e a gestão interna de recursos.
O envelhecimento da população e o aumento das doenças crónicas impõem novos desafios à gestão dos recursos hospitalares, e este tipo de abordagem permite uma prestação mais integrada e eficiente dos cuidados de saúde.
No contexto da saúde pública em Portugal, a implementação de um serviço como o da "Alta Centralizada" constitui uma inovação importante e uma boa prática, que pode servir de exemplo para outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), demonstrando que é possível melhorar a eficiência do SNS, enquanto se aumenta o nível de satisfação dos utentes e da qualidade dos cuidados de saúde.
Portugal, como é do domínio público, enfrenta um aumento exponencial da pressão sobre os hospitais, com tempos de espera elevados e a consequente necessidade crescente de melhorar a gestão de altas hospitalares, pelo que a adoção de novas abordagens e de sistemas como o descrito pode, a médio e longo prazo, contribuir positivamente para a sustentabilidade do SNS.