Certamente que todos os cidadãos normais e correntes ficaram surpreendidos com os recentes desacatos que ocorreram nas imediações da nossa capital.
A lamentar sinceramente a morte de um homem, atingido por uma bala dum polícia. Desconhecemos com sinceridade os motivos dessa acção, mas contamos que a justiça examinará com imparcialidade a ocorrência e determinará a sentença adequada.
O que não entendemos é que haja cidadãos que pequem fogo a caixotes do lixo, carros e camionetas, ferindo com gravidade um condutor que está hospitalizado e poderia ter morrido, se não fosse atendido com destreza e prontidão.
No fundo, quem assim procede comete um acto de descontrolo, bárbaro, que não respeita sequer o dinheiro de todos os cidadãos que pagam impostos. Queimar um caixote do lixo custa dinheiro público, porque a entidade camarária terá de repor o que foi inutilizado pelas chamas.
E o mesmo se diga em relação aos veículos queimados. São instrumentos de trabalho dos seus donos, ou, no caso das camionetas, meios que facilitam a deslocação dos cidadãos para o seu trabalho, na ida e no regresso, ou que servem para que se desloquem para outras incumbências da sua vida no dia a dia.
Mais grave ainda – e voltamos a lamentar a morte que assinalámos – é que um trabalhador, (referimo-nos ao condutor da camioneta) que está no seu posto de trabalho e se vê alvo do fogo que alguém, com certeza sem intenção verdadeiramente consciente, provoca duma maneira súbita e não lhe dá possibilidade de sair a tempo. Poderia ter morrido e era uma vítima letal dos distúrbios.
A cidadania exige sempre um comportamento pacifico e consciente. Não pode quem é seu elemento e nela participa, perder a cabeça e provocar desacatos que causam prejuízos que são, ao fim e ao cabo, danosos para todos os seus concidadãos. A vida social exige ponderação e recato. Mesmo que haja razões fortes de queixa por qualquer conduta menos esperada ou compreensiva, há sempre instrumentos legais que podem determinar com justiça e rigor alguma sanção comportamental dum cidadão, mesmo no desenvolvimento das suas funções profissionais.
O que não é compreensível é que se cometam, com certa repetição e insistência, prejuízos e acções que não têm nada a ver com a ordem pública e o respeito pela cidadania dos outros e também pelos bens, de todos ou privados, que a lei protege, mas que não existem para serem destruídos ou estragados à pedrada ou pelo fogo.
Um reação comportamental como aquela que nos foi transmitida pelos meios de comunicação social, a respeito da agitação ocorrida na região de Lisboa ou dos seus arredores, desejamos com toda a boa-fé que não ocorra mais no nosso país ou em qualquer outra parte do mundo.