Encontrando-me eu na Avenida Barros e Soares decidi, dada a urgência, chamar um táxi. Porém, contando ter uma viagem rápida, acabou por ser bastante morosa dando, até, para um bate-papo com o taxista. Isto, porque o trânsito na cidade dos Arcebispos é o que se sabe: vias entupidas e o enervante pára-arranca. E nem por o motorista ter optado pelas escapatórias estreitas e de piso empedrado encurtou o tempo. Situação propícia a alguns desabafos do homem:
– Desculpe-me, não sei de que partido o amigo é, mas o trânsito na nossa terrinha está a ficar um caos. Cos diachos, até me sinto enganado por ter votado nesta gente que manda em Braga. É que parece não haver quem ponha termo a este pandemónio. Nem vejo, sequer, alguém do executivo Autárquico a fazer qualquer pressão sobre quem trata das estradas do país no sentido de reclamar, ao menos, uma nova via que retire parte dos carros que atravessam a cidade.
Embora sem pretender ver o santo fora do altar, lá lhe fui dizendo: – mas o senhor tem a certeza do que me está a dizer, que a Câmara não atua? – Resposta de rajada: – você topou por aqui algum ministro, ou deputado da Capital, a querer saber destas coisas? Eu cá não vi nenhum nem deste, nem do anterior Governo. Lançando-me logo este desafio: – você é um freguês, respeito-o e obrigado por me ter chamado, mas procure meter-se na “pele” de um taxista, como eu; imagine-se a conduzir um táxi nesta salgalhada de carros, sobretudo em horas de ponta – ou quando há avaria ou acidente – verá que é enervante.
A voz foi-se alterando: – É que ao contrário da edilidade bracarense, segundo li no DM, a Vilaverdense chamou a terreiro o atual Ministro das Infraestruturas, a fim de constatar a desgraceira do tráfego automóvel que por lá vai. Levando-o a comprometer-se com um estudo e a encontrarem, em conjunto, meios de financiamento para a construção de uma alternativa à estrada nacional 101, bem como melhorar outras. Enquanto isso, o que vemos por cá? Propaganda, festarolas e pouco mais.
Então, quando anuí com a cabeça em sinal de acordo, aí, é que foi. – Ouça, se em vez de cantorias, durante o ano todo, tivéssemos mandantes a cuidar em facilitar a vida a quem usa o carro para trabalhar a bem da economia e procurassem dar a volta a esta encrenca, todos ganhávamos. Imagine o tempo que estamos para aqui parados. Veja só o prejuízo dos fretes que estou a perder de fazer. E quantos funcionários (mesmo os públicos) e as próprias empresas se sentem lesados com esta calamitosa situação.
Ao passarmos em Maximinos, apontou: – aqui, já é para aí a quinta vez que fazem obras nesta passadeira e a horas inconvenientes. Isto é de loucos, sempre a mexerem no mesmo. – De facto – respondi eu. E logo ele retomou o discurso abaixo da estação dos CF. – Não vê? Andamos para aqui aos pulos por causa de duas lombas que mais parecem quebra-suspensões. O que faz com que os condutores, por via disso, enfileirem.
Mas continuou: – O mesmo se passa nas Enguardas, parece que não sabem fazer as coisas de outro jeito. Coitado de quem precisa de chegar a horas ao emprego, à escola, ao colégio, etc. Até chego a pensar se não é um milagre os canjirões dos autocarros andarem a horas.
Achei os reparos do homem algo pertinentes, contudo, questionei-o: – não acha os automobilistas resignados, ao ponto de nem darem umas buzinadelas de descontentamento? Replicando ele: – a quem o diz! Parece andar tudo numa boa, até, com os pisos esburacados. O que o pessoal quer é mesmo noites brancas, verdes, amarelas, etc.
Ao finalizar das “farpas” fiquei a pensar no tão propalado desatar do nó de Infias, na variante de Frossos e em outras carências, há décadas, sem fim à vista. Porém, o que temos são galardões e nomeações a “cidade disto e daquilo” e cá vamos, cantando e rindo, ao sabor da maré.
Passados cerca de 40 minutos, de Nogueira a Real, respirei fundo, paguei a corrida – tipo lesma – e despedi-me com um até à próxima, se Deus quiser.