Atenas, em termos de educação de jovens, privilegiava a força da inteligência sobre a razão da força física; Esparta era precisamente o contrário: a superação física ao serviço da cidade/estado, incutindo-lhes um princípio de comportamento que, resumidamente, podemos aqui sintetizar: roubar não é pecado, pecado é ser apanhado a roubar. Naturalmente, este princípio educativo radicava na necessidade de subsistência própria do soldado em tempo de guerra. Num estádio entrou um velho; passou pelo setor dos espartanos e ninguém se levantou para lhe dar lugar; quando passou para o setor dos atenienses, mal o velho assomou nos primeiros lugares, logo um mancebo ateniense se levantou para dar o lugar ao ancião. O velho olhou para o mancebo ateniense e disse-lhe: não é que eles não saibam como é, só que não foram educados para o fazer. Já lá vão séculos. Atualmente, também há dois comportamentos quanto aos mais idosos: uns, os mais velhos, cedem-lhe o lugar na fila, nos supermercados ou serviços públicos, outros, os mais novos, não o fazem, antes mandam-no para lá para trás porque ele está no seu direito de ser atendido primeiro. É verdade, ninguém deve passar à frente uns dos outros, mas trata-se de uns velhos e, quantos outros, tão ou mais velhos, não podem sequer estar muito tempo de pé. Esta educação petrificada apenas em direitos e deveres do cidadão, não passa de uma tripeça manca: falta-lhe o valor dos sentimentos pelos mais necessitados. Noutro dia, dizia-me um colega de profissão e confrade nestas andanças: tive que ir para a rua porque aqueles jovens, eram estudantes, ocupavam todo o espaço do passeio e não me “deixaram passar”. E eu disse-lhe: chega-lhes e ele ripostou, chega-lhes tu também. Presente. Mas é tudo uma questão de educação. Não é que eles não saibam, mas não lhes ensinaram a ser. A casa já não é escola de filhos e a escola não passa de uma oficina onde se bate o ferro frio para fazer moldes que sirvam a sociedade empregadora.
