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Dar voz à Geração ‘Gualtar City’: O povo é quem mais ordena!

 

Há alguns anos, tornou-se comum em Braga Oriental, especialmente entre os mais jovens, o recurso ao epíteto de ‘Gualtar City’ quando se falava desta freguesia.

Ora, quais foram os motivos que deram origem a que esta expressão se impusesse como um uso generalizado?

‘Gualtar City’

Se, por um lado, esta expressão pretendia dar voz a um hiperbolizado sentimento de pertença, por outro, o seu aparecimento correspondeu também a um anseio de ver Gualtar como parte integrante da cidade de Braga. Muito associado ao impulso dado pela presença da Universidade, havia uma vontade geracional de ver Gualtar aproximar-se do centro e virar-se mais para ocidente, afastando-se do rótulo rural do passado.

Afinal de contas, à medida que Braga foi crescendo geográfica e populacionalmente, foi colocando Gualtar como parte integrante da cidade, dando-lhe um novo estatuto mais urbano.

Gualtar vai ser uma ‘City’?

Como é sabido, recentemente, em Braga, a freguesia de Palmeira foi classificada como Vila.

Os critérios para que um aglomerado populacional possa iniciar o processo conducente à sua classificação como Vila ou Cidade, foram publicados em Fevereiro do presente ano. E, ao que tudo indica, Gualtar não cumpre os critérios para poder vir a ser classificada com ‘City’, mas já os cumpre no que toca a poder ser uma Vila.

E, entretanto, os representantes autárquicos na Assembleia e na Junta de Freguesia de Gualtar já estão a discutir o processo de classificação da nossa freguesia como Vila.

Dar voz às gerações

Infelizmente, haverá muitos de nós que se sentirão desiludidos por os órgãos autárquicos da freguesia de Gualtar estarem a considerar esta proposta, um ato que parece ir no sentido oposto à vontade das gerações que pretendiam a referida aproximação ao centro da nossa cidade de Braga. Como é evidente, esta alteração, a consumar-se, dá claros sinais de afastamento simbólico da zona citadina e associar a nossa terra a um ideal mais rústico.

Certamente existirão também aqueles que, quer por maior saudosismo de tempos passados, quer por acreditarem que há uma força emblemática neste rótulo que dará à freguesia maior capacidade reivindicativa, apoiarão esta ideia e defenderão esse como o mais sensato caminho a seguir. 

Ora, é normal que surjam estas visões distintas e, perante uma questão tão potencialmente divisiva, o esperado é que os órgãos autárquicos procedam a um compreensivo envolvimento da população na discussão deste tema. Contudo, ainda não se tornou público qualquer plano de auscultação dos gualtarenses.

Gualtar vai ouvir o povo?

Quero acreditar que é somente uma questão de tempo, porque seria inaceitável se assim não o fosse. Desse modo, certamente que os próximos meses serão palco de um debate sério e aberto na nossa freguesia, que inclua, pelo menos, uma sessão de esclarecimento e um momento de discussão em que qualquer gualtarense possa dar a sua opinião sobre o assunto.

No final de contas, a decisão de passar a Vila implica, muito mais do que quaisquer efeitos práticos que serão sempre diminutos, uma reflexão sobre a nossa identidade partilhada de Gualtar. E, uma qualquer escolha desse âmbito, só deve ser tomada envolvendo toda a comunidade.

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José Baptista

29 setembro 2024