A Venezuela é um dos maiores países da América do Sul, com uma população de cerca de 30 milhões de habitantes e enormes potencialidades e recursos, petróleo designadamente.
Durante uma parte significativa do século passado (anos 50 a 70) a Venezuela viveu um período de grande desenvolvimento e prosperidade económica (ficando conhecida como a Suíça sul-americana), para o qual emigraram centenas de milhar de portugueses, embora sempre com grandes sobressaltos a nível político, com diversos golpes de Estado. O último quartel do século XX ficou marcado por crescentes crises económicas e sociais e um aumento da corrupção que conduziram mesmo à deposição de um Presidente da República (Carlos Andrés Perez) por corrupção.
É neste contexto que o militar Hugo Chávez, envolvido em diversas intentonas, foi eleito presidente em 1993, conduzindo (mal) os destinos do país até à sua morte por doença em 2013. Populista e demagogo, inventor da “Revolução Bolivariana”, implementou um modelo político centralizador e socialista à moda antiga (que apelidou de socialismo do sec. XXI). Durante o seu comando os indicadores e sociais do país caíram a pique, tendo do outro lado aumentado as desigualdades sociais, a corrupção que já era endémica e a criminalidade. A desculpa dada para o triste estado de coisas a que a Venezuela chegou era e continua a ser ainda hoje, o boicote e as sanções impostas pelos EUA, crónicos inimigos do regime.
Sucedeu-lhe Nicolás Maduro, que manteve e aprofundou a Revolução Bolivariana e com ela a crise económica, social e política. A Venezuela é atualmente considerada um país ditatorial, que controla as principais instituições políticas e jurídicas (Assembleia Nacional e Supremo Tribunal), impede a oposição de participar nas eleições, que mais não são do que meras formalidades, contestadas a nível interno e internacional, devido à fraude eleitoral generalizada destinada a manter o statu quo vigente.
No último ato eleitoral, que decorreu em 29 de julho passado, Maduro assumiu a vitória sobre o candidato da oposição Edmundo González (a verdadeira líder da oposição Maria Corina Machado fora impedida de se apresentar como candidata), que foi obrigado, entretanto, a exilar-se em Espanha, com cerca de 51% dos votos, quando faltavam ainda contar perto de 30% dos boletins de voto. Apesar de o Supremo Tribunal ter confirmado, as autoridades oficiais nunca apresentaram as atas das diferentes mesas eleitorais e a esmagadora maioria dos observadores e organizações internacionais acreditam que a oposição terá ganho efetivamente as eleições com cerca de 70% dos votos.
O Parlamento Europeu votou no passado dia 19 de setembro uma resolução rejeitando a fraude eleitoral orquestrada pelo Conselho Nacional Eleitoral controlado pelo regime venezuelano (309 votos a favor, 201 contra e 12 abstenções).
Da mesma forma que as eleições venezuelanas se traduziram numa fraude eleitoral, o ditador Nicolás Maduro é ele próprio um falso revolucionário.
De facto, e a título de exemplo, num ato de campanha para as últimas eleições, as câmaras mostraram-no a brandir uma espada de Simón Bolívar (que, na ocasião, deve ter dado saltos no túmulo), militar e, esse sim, revolucionário venezuelano que lutou contra a colonização espanhola na América do Sul, conduzindo à independência de muitos países daquele continente. Um olhar mais atento permite perceber que exibe no pulso um relógio Hublot Big Bang King Power em ouro rosa, avaliado em muitos milhares de euros (mais de 50.000).
Diversas investigações comprovam que este revolucionário terá expatriado para diversos países europeus (Suíça, designadamente), através de familiares e amigos, muitos milhões de dólares.
Este exótico ditador, pródigo em tiradas e atos que mais fazem lembrar uma comédia circense, como forma de agradecer a merecida vitória nas últimas eleições, resolveu decretar que este ano, o Natal venezuelano é antecipado para o dia 1 de outubro, assim comprovando que o Natal é quando o homem, perdão, o ditador quer.
Conhecendo o seu gosto por relógios luxuosos e caros, vamos todos quotizar-nos para lhe oferecer um de prenda de Natal no próximo dia 1 de outubro?