Os dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), recentemente publicados pelo The Lancet Global Health, revelam que quase um terço dos adultos em todo o mundo, aproximadamente 1,8 mil milhões de pessoas, não atingem os níveis recomendados de atividade física. Esta “inatividade física” coloca os indivíduos em maior risco de contrair doenças não transmissíveis, cria dificuldades aos sistemas de saúde e afeta negativamente as comunidades e as economias a nível mundial. Este novo relatório é um alerta crítico, destacando a necessidade urgente de aumentar a ação e o investimento em políticas que promovam a atividade física.
Como se sabe, a inatividade física é um importante fator de risco para doenças não transmissíveis, como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, diabetes e certos tipos de doenças cancerígenas. Segundo a OMS, a atividade física insuficiente é um dos principais fatores de risco para a mortalidade global, contribuindo para mais de 5 milhões de mortes anualmente. O relatório destaca ainda que os adultos que não praticam atividade física suficiente correm um risco de morte 20-30% maior em comparação com aqueles que cumprem os níveis recomendados.
Os níveis recomendados de atividade física para adultos, conforme definidos pela OMS, incluem pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa por semana, ou uma combinação equivalente de ambos. No entanto, os dados indicam que muitos adultos não conseguem atingir nem mesmo estes requisitos mínimos, colocando a sua saúde em sério risco.
São vários os impactos negativos, não apenas as profundas implicações para a saúde, mas também consequências económicas e sociais. Os sistemas de saúde em todo o mundo estão sobrecarregados com os custos do tratamento das doenças associadas à inatividade física. O impacto económico vai além dos custos de saúde, uma vez que a inatividade física também afeta a produtividade, o absentismo no local de trabalho e o consequente impacto da economia.
As comunidades também sofrem, pois a inatividade física pode levar à redução da interação e da coesão social. As comunidades ativas tendem a ter laços sociais mais fortes e melhores resultados em termos de saúde mental, enquanto os estilos de vida sedentários contribuem para o isolamento social e para o aumento da prevalência de perturbações de saúde mental, como a depressão e a ansiedade.
Este relatório da OMS é um apelo a esforços mais concertados para enfrentar a crise global da inatividade física. Salienta a necessidade dos governos, as organizações de saúde e as comunidades investirem em políticas e iniciativas que incentivem a atividade física. Estas politicas deverão passar por um melhor planeamento do espaço urbano e Infraestrutura, desenvolvimento de programas de bem-estar no local de trabalho, campanhas de educação e conscientização sobre a importância da atividade física, intervenções profundas nas escolas e universidades, integrando a atividade física nos currículos com maior tempo letivo e promover atividades extracurriculares, com mais tempo de programas e iniciativas comunitárias que oferecem desporto organizado e não organizado e outras oportunidades de atividade física.
Em Portugal é necessário e urgente reforçar o apoio central, local, associativo e privado à atividade física e ao desporto, pois ficaremos todos com melhor saúde e com uma economia mais sustentável.