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Ponto por ponto

 


 


 

Na política já vi de tudo. Vi muitos disparates governativos. Mentiras e decisões que não são compatíveis com o conceito natural de democracia. Vi tentativas de assassinato político, como eles dizem, quando acossados por terem metido o pé na poça, iludindo-se com o brilho das mordomias. Vi traições e deslealdades. Vi derrotados que formaram governo só para safarem a sua carreira política. Vi derrotados eleitorais a cantarem vitória. Vi primeiros-ministros a fugirem às suas responsabilidades governativas depois de se terem comprometido com quem os elegeu. Vi políticos condenados por corrupção - uma vergonha para quem tem vergonha - e depois entrarem de novo no “poleiro”. Vi nepotismo descarado e tantos outros pecados que me fazem pensar como a democracia consegue resistir. É notável ver como o regime ainda continue vivo e a responder aos mínimos exigidos por este povo carente de justiça social e de verdade.


 

1 - O governo de Montenegro está preso por fios. E frágeis. Todos os dias testa a sua sobrevivência. Com afinco e determinação. Disposto a dar luta como é caso da ministra da Saúde. Grande mulher! E corajosa. A oposição não faz bem oposição. Tenta dinamitar a coesão e até a própria existência do governo. Como está em minoria mínima tem que ir abaixo, pensam eles com desaforo. Sem contemplações. E sem se medir as reais consequências. A sede do poder de um partido que tem aversão ao estatuto de oposição impõe a agenda. Não importa se o país vai descambar. Com mais umas promessas e mais umas doses de propaganda rosa e tudo se resolve. O povo, no final, é sereno e só quer uns euritos para aguentar os sacrifícios.


 

2 - No Parlamento, há convergências (tácticas) que causam embaraço e grande perplexidade. Chamam-lhe uns “a democracia a funcionar”; outros, contudo, e mais acertadamente, coligação negativa. O país tem pouco interesse neste combate pelo poder. O combate tem que ser outro. Combate à pobreza, sim, e ao deserto demográfico. Combate à estagnação económica e social. Nenhum dos partidos envolvidos nesta coligação desnatural assume este estatuto. Estas responsabilidades. Um propõe medidas “populistas” para desgastar; o outro aprova-as para desgastar. Os dois apostam no desgaste. E o governo impotente limita-se a ver as medidas aprovadas. O diálogo democrático tão importante e conciliador é desprezado. E neste jogo parlamentar, viciado e irrespirável, a despesa pública sobe e as receitas descem. Para um país desgraçado, que vai vivendo muito à custa das ajudas comunitárias, são pregos enferrujados na indiferença e no contínuo descrédito dos políticos.


 

3 - O dr. Costa quer o lugar primeiro no Conselho Europeu. O PSD vai apoiá-lo. Assim o disse Montenegro. Decisão, no meu ponto de vista, infeliz e insensata. Como é possível apoiar um político que tudo, mas tudo, fez para liquidar o PSD?! O dr. Costa apostou todas as fichas no amesquinhamento do Partido Social Democrata e no enxovalho dos seus líderes (Passos Coelho e Rui Rio). Até Montenegro levou por tabela. Eu recordo-me bem dos seus “elogios”. Toda a sua acção política se pautou por desaforos velados e devidamente calculados para dar o golpe de misericórdia ao PSD. Vangloriava-se e ria-se do feito de ter enxotado o vencedor eleitoral. 


 

4 - O dr. Costa foi um péssimo governante. Oito anos e meio para fazer muitas coisas e nada fez de concreto. O país não avançou como era desejável e necessário. Era premente aproveitar esta soberana oportunidade. Mais uma que foi desperdiçada criminosamente. Enrolou-se na ideologia e cativou os investimentos. Os impostos subiam com habilidade. Enrodilhou-se na propaganda e enredou este povo com subsidiozinhos, apesar de ter à sua disposição todas as condições políticas, económicas, sociais e comunitárias para brilhar na governação. Preferiu crispar o país. O dr. Costa não merece o apoio do PSD. De modo nenhum. Não merece pelo seu perfil, pela sua acção política radical contra o PSD e pela sua realização de nada. O dr. Costa é um político que não interessa ao país, nem à União Europeia. É positivamente descartável, porque assenta a sua política na habilidade, na manipulação e controlo dos seus “mecos”, quando deveria assentar na inteligência e na determinação. No arrojo e no respeito pela função governamental.

Foi um tremendo erro o PSD dar o seu aval a este político perfeitamente desinteressante e a um “líder” tipicamente do terceiro mundo.

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

23 junho 2024