Corria o ano de 2012, com Mesquita Machado a Presidente de Câmara, quando a Braga Ciclável se reuniu pela primeira vez com os técnicos e responsáveis políticos na área da mobilidade do Município de Braga para discutir a Rede Ciclável da cidade.
Com um trabalho, por parte da Braga Ciclável, de sensibilização para a necessidade de apostar na mobilidade em bicicleta, o Município fez alterações aos seus planos. Os estacionamentos passaram a ter uma boa configuração e a rede ciclável foi revista.
Como consequência o Município apresentou uma rede ciclável para a cidade com cerca de 29 km. Da Estação da CP até à Rotunda do Santos da Cunha e da Bosch até ao Campus de Gualtar da Universidade do Minho, passavam a existir ciclovias.
Em 2014, já com mudança política no Município, o Plano Diretor Municipal foi revisto no que toca aos transportes e às suas redes. A rede ciclável passava a ser de 80 km, mantendo-se as Avenidas desde a Bosch até à UM a contemplar ciclovia, juntando-se também a Avenida Padre Júlio Fragata, Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires, Avenida da Liberdade e Avenida 31 de Janeiro.
Foi criado um amplo consenso político para a introdução de ciclovias nas Avenidas de Braga.
Algo que também ficou plasmado no PDM foi a necessidade de introduzir corredores regrantes de transporte público atravessando a cidade de Este a Oeste, com interfaces em São Pedro D’Este e em Ferreiros, sendo este último um interface multimodal e uma porta ferroviária para a cidade onde a linha de Alta Velocidade Ferroviária cruza a linha Porto-Braga.
São então contratados projetistas para desenvolver os projetos de arquitectura da rede ciclável e da primeira fase de inserção urbana da rede regrante de transportes públicos. Em 2017 são entregues ao Município de Braga os projetos, peças desenhadas e escritas, para se iniciarem as obras das prometidas e consensualizadas ciclovias nas Avenidas de Braga. Passaria a haver ciclovia desde o Fojo até à Bosch! Ainda não saiu do papel. Todas estas obras tinham financiamento garantido do Portugal 2020.
Durante a Pandemia e os confinamentos, muitas foram as cidades na Europa a aproveitar esse momento para as mudanças infraestruturais necessárias. Por cá, manteve-se tudo na mesma.
Entretanto há financiamento de mais de 100 milhões para o BRT, mas não se pega nos traçados que vinham a ser discutidos e maturados, nem no que estava previsto no PDM, nem nas peças escritas e desenhadas já existentes no Município desde 2017.
Faz-se tudo de novo, como se os políticos e a visão tivessem mudado.
Chegada a hora de fazer obras nestas Avenidas, com o financiamento para o transporte regrante garantido através do PRR, o Município opta por não introduzir nos projetos as ciclovias. Porquê? Ninguém sabe e não se compreende, visto que, desde há 12 anos a esta parte que há um consenso de que estas Avenidas iriam ter ciclovias.
Afinal, se não introduzem ciclovias nas Avenidas de Braga, não as introduzem em lado nenhum.
Estamos a falar das Avenidas mais largas da cidade de Braga onde facilmente podem conviver todos os modos de transporte.
A mobilidade induz-se.